O presidente Jair Bolsonaro gastou ao menos R$ 2,37 milhões em recursos públicos durante as suas férias, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. As informações foram solicitadas pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) e encaminhadas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e pela Secretaria-Geral da Presidência da República. Bolsonaro passou suas férias em São Francisco do Sul (SC) e Guarujá (SP), tendo passeado pelo litoral paulista, como Praia Grande.
Segundo ofício assinado pelo ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, a estimativa é de cerca de US$185 mil em gasto total (ou aproximadamente R$ 975,5, observando a média do dólar no período em US$ 5,19), somando manutenção e combustível, com transporte aéreo em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para os eventos privados do presidente no período em questão.
“As horas de voos alocadas ao transporte do presidente e suas comitivas já estão previamente computadas no planejamento dos custos anuais do comando da Aeronáutica e, portanto, inseridas planejamento no orçamento anual”, informou. Também foram gastos R$202,5 mil com passagens aéreas e diárias a agentes públicos civis e militares, valor inserido no orçamento anual do gabinete do GSI.
Já a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que o presidente gastou R$ 1,19 milhão em despesas com hospedagem do presidente, sua família, convidados e toda a equipe de profissionais, alimentação e bebida consumidas por todos, entretenimento (como veículos aquáticos, guias turísticos e outros serviços voltados ao lazer de todos que estavam na viagem) e despesa com locomoção terrestre ou aquática.
"Numa situação normal, esse gasto já seria um absurdo. Agora, numa situação onde nós tínhamos quase 200 mil mortes naquele período, o fim do auxílio emergencial e a alegação de falta de recurso... Nós tínhamos bem claramente uma crise sanitária e econômica, e ele sai de férias — o que já não é uma situação compreensível o presidente sair de férias num momento desse —, e ainda gastou um dinheiro desse. É uma afronta ao povo brasileiro", disse Elias Vaz. O deputado afirmou que os dados foram encaminhados a ele quase três meses após apresentar o requerimento aos órgãos do governo.
O parlamentar disse que vai pedir uma auditoria ao Tribunal de Contas da União (TCU). "Vamos provocar o tribunal para fazer uma auditoria, porque o valor é um indício claro de um gasto fora da legalidade, sem o devido respeito ao princípio da aplicação do dinheiro público", afirmou.
O deputado solicitou informações apontando que o período de férias do presidente foram gozadas entre 18 de dezembro do ano passado e 5 de janeiro deste ano. Na verdade, Bolsonaro viajou no dia 19 de dezembro a Santa Catarina, mas uma comitiva chegou antes para preparar o esquema de segurança. No dia, sobrevoou áreas atingidas por chuva no estado, apesar de não constar nada em sua agenda oficial.
Em 23 de dezembro, o presidente retornou a Brasília e teve um encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. No dia 26, foi para Guarujá (SP), onde passeou pelo litoral. Ao responder à solicitação do deputado, o GSI especificou que os gastos foram com as missões em São Francisco do Sul e Guarujá - ou seja, efetivamente as férias do presidente. Em ambos os pedidos, ao GSI e à Secretaria-Geral, o deputado especifica na solicitação que deseja informações relativas às férias gozadas pelo mandatário "em regiões litorâneas".
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