No dia em que o golpe militar de 1964 completa 57 anos, seis presidenciáveis lançaram uma carta-manifesto em defesa da democracia. Os signatários - Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido) - argumentam que o regime democrático está ameaçado. É uma resposta ao novo ministro da Defesa, general Braga Netto, que soltou uma nota em comemoração à ditadura, na qual diz que o golpe "ajudou a pacificar o país e que deve ser compreendido e celebrado".
Intitulada “Manifesto pela consciência democrática”, a carta afirma que “exemplos não faltam para mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos”. O documento lembra que os brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da democracia na década de 1980.
“O movimento “Diretas Já”, uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada”, ressalta o texto, publicado nesta quarta-feira (31/3).
Os presidenciáveis dizem que a “conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da democracia e que cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores”. “Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade”, continua o documento.
Vale lembrar que, entre os políticos, apenas Ciro Gomes nunca se alinhou com Jair Bolsonaro. João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) foram eleitos governadores dos seus estados como candidatos de direita, apoiando o presidente nas eleições de 2018. Amoêdo concorreu à Presidência no primeiro turno e decidiu apoiar Bolsonaro no segundo. Mandetta foi ministro da Saúde do atual governo. Luciano Huck não chegou a formalizar sua candidatura e não tem partido.
Leia na íntegra
Manifesto pela consciência democrática
“Muitos brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na década de 1980. O movimento ‘Diretas Já’, uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada.
A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da Democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores.
Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade.
A Democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, o intimidamento, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado.
Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos.
Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA. Vamos defender o Brasil.”
Assinam
Ciro Gomes
Eduardo Leite
João Amoedo
João Doria
Luiz Henrique Mandetta
Luciano Huck