DIPLOMACIA

Pacheco critica política externa brasileira e cobra mudanças de Bolsonaro

"A política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida", ponderou o presidente do Senado nesta sexta-feira (26/3)

Durante uma reunião na manhã desta sexta-feira (26/3) com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reforçou as críticas contra o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e disse que a diplomacia do país precisa de mudanças porque “ainda está falha”. O senador evitou falar na demissão do chanceler, mas cobrou alguma reação do chefe do Executivo.

"A permanência ou a saída do ministro, de qualquer que seja ele, é uma decisão que cabe ao presidente da República. O que nos cabe enquanto Senado, Câmara, enquanto parlamento, é cobrar e fiscalizar as ações do ministério. Consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, incluindo a China, porque é o maior parceiro comercial do Brasil", frisou Pacheco, em entrevista à imprensa.

De acordo com o parlamentar, as críticas contra Ernesto não são apenas por conta do ministro em si, mas porque faltam ideias e propostas. “O presidente (Bolsonaro) apenas ouviu e veremos o que pode ser feito. Na verdade, com ministro A ou ministro B, o que importa é um ministério que funcione e isso que desejamos com o Ministério das Relações Exteriores”, observou o senador.

"A política externa do Brasil precisa melhorar, precisamos ter melhores relações com todos os países que podem nos ajudar neste momento e que nós ao longo da história ajudamos. Demos segurança alimentar, temos um apelo ambiental, pelo menos biomas que são muito importantes para o mundo, inclusive o bioma amazônico e esse valor do Brasil precisa ser reconhecido pela comunidade internacional", completou Pacheco.

O presidente do Senado lembrou que o comunicado que escreveu na semana passada à vice-presidente dos Estados Unidos e presidente do Senado norte-americano, Kamala Harris, pedindo ajuda aos EUA para a disponibilização de doses de vacinas contra a covid-19 ao Brasil, é uma demonstração da falta de empenho do Palácio do Itamaraty no enfrentamento à pandemia.

"Não é por outra razão que o Senado fez aquele apelo internacional à comunidade externa por ajuda. Não é por outra razão que eu encaminhei para a presidente do Senado americana, a vice-presidente Kamala Harris, uma súplica de auxílio em relação às vacinas. Mas esse é também um papel do Ministério das Relações Exteriores, confiamos ao Ministério das Relações Exteriores que faça a política de melhora da relação com os demais países."

Assessor presidencial

Na entrevista, Pacheco disse que conversou com Bolsonaro sobre uma investigação aberta contra o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, que na última quarta-feira (24) fez um gesto de ódio com as mãos, durante sessão do Senado, que é utilizado por grupos de extrema direita para cultuar a supremacia branca.

“Comuniquei ao presidente Bolsonaro o episódio envolvendo o assessor e as consequências previstas. A Polícia Legislativa vai avaliar as consequências jurídicas, tipificação, mas sempre respeitando o devido processo legal. A providência política, de manutenção ou não desse assessor, cabe ao presidente da República", disse Pacheco.

O presidente do Senado reforçou o repúdio contra a atitude de Martins, dizendo que a Casa é contra todo “tipo de manifestação racista, de ato obsceno, gesto obsceno". “Seja qual for a intenção, foi um comportamento completamente inapropriado”, reprovou o parlamentar.

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