O presidente da Argentina, Alberto Fernández, rejeitou, nesta sexta-feira (26/3), a possibilidade de redução linear da Tarifa Externa Comum (TEC), conjunto de tarifas sobre a importação de serviços e produtos dos países que integram o Mercosul. As afirmações foram feitas em reunião entre os chefes de estados dos países membros, comemorando os 30 anos do bloco.
“Não acreditamos que uma redução linear da Tarifa Externa Comum para todos seja o melhor instrumento ante a possibilidade de novos acordos com nossos países. Preferimos continuar com a metodologia que viemos trabalhamos”, disse o mandatário, afirmando que a proposta da Argentina será sempre em observar o equilíbrio dos setores agroindustriais e industriais.
Em seguida, o presidente Jair Bolsonaro foi enfático ao defender a modernização do bloco, com a atualização da TEC “como parte central do processo de recuperação” do dinamismo do bloco. “Consideramos que há amplo espaço para aprofundar a integração regional a partir da redução de barreiras não-tarifárias e da incorporação de setores ainda à margem do comércio intra-bloco. Precisamos fazer parte da quarta revolução industrial, ocupar o espaço que nos cabe no mundo das grandes correntes econômicas internacionais. Para isso, devemos redobrar esforços nas negociações externas”, pontuou.
Bolsonaro destacou que o Brasil quer rapidez e resultados significativos. “Concentramos nosso empenho em atrair investimentos externos que gerem emprego e renda. Desejamos que nossas economias participem cada vez mais das novas cadeias regionais e mundiais de valor, em especial neste momento, quando precisamos superar com urgência os enormes danos causados pela pandemia”.
O presidente também criticou a regra que exige consenso entre membros do grupo para tomada de decisões. “Entendemos que a regra do consenso não pode ser transformada em instrumento de veto ou freio permanente. O princípio da flexibilidade está escrito no próprio tratado de Assunção (capital do Paraguai). O Brasil deseja contar com o apoio dos demais membros do bloco para seguir ampliando a rede de negociações comerciais extra regionais, de modo a contribuir para rápida retomada do crescimento e impulsionar um novo ciclo virtuoso no Mercosul”, disse.
Bate-boca
O presidente do Uruguai, Lacalle Pou, em seu discurso, afirmou que o Mercosul não pode ser uma “carga” para os países-membros. “O Mercosul tem um peso, mas não pode ser uma carga, um espartilho no qual nosso país não possa se mexer. O Uruguai precisa avançar. Vamos propor formalmente discutir a flexibilização. Precisamos que o Mercosul tome uma decisão”, disse.
Ao final, após outros presidentes se pronunciaram, Alberto Fernández retomou a palavra e, em uma resposta clara a Pou, falou em seguir buscando mecanismos para avançar, mecanismos de consenso, e que todos possam se sentir “irmãos”. “Se nos tornamos outra coisa, uma carga, eu lamento. Não queremos ser uma carga para ninguém. O mais fácil é descer do barco, se a carga é muito pesada”.