Governador que tem feito oposição declarada à atuação do governo federal frente à pandemia, o chefe do executivo de São Paulo, João Doria, criticou o comitê de enfrentamento a covid-19 anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (24/3). Ao declarar, durante coletiva de imprensa, que não foi convidado a participar do grupo, Doria rebateu que o comitê não representa o estado de São Paulo.
“Este comitê não nos representa, nós não fomos convidados e aquilo que representa a saúde e a necessidade de proteção da vida dos brasileiros de São Paulo deve ser tratado com o governador do estado de São Paulo, e não com o representante do governador”, afirmou.
A reunião com chefe dos três Poderes que antecedeu a criação do comitê contou com a presença de parte dos governadores. Estiveram presentes Romeu Zema Neto (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás), José Renan Vasconcelos Calheiros Filho (Alagoas), Wilson Miranda Lima (Amazonas), Carlos Massa Ratinho Júnior (Paraná), Cláudio Castro (governador em exercício do Rio de Janeiro) e coronel Marcos Rocha (Rondônia).
Mesmo com a presença de alguns governadores, Doria criticou a exclusão de outros. “Não é confiável a realização de um comitê que exclui governadores que estão trabalhando para proteger vidas e defender o distanciamento social, o isolamento quando necessário, o uso de máscaras, a aplicação de vacinas e o não uso de cloroquina”, criticou.
O gestor de São Paulo aproveitou o momento para ressaltar as críticas que já havia feito ao pronunciamento de Bolsonaro exibido na noite dessa terça (23), no qual o presidente mudou o tom e defendeu a vacinação em massa dos brasileiros.
Apesar de defender e afirmar que as vacinas contra covid-19 estão garantidas, no ano passado, Bolsonaro atrasou a conclusão de acordos para a aquisição de vacinas. O mandatário chegou a dizer que não compraria a CoronaVac, produzida pela farmacêutica Sinovac com o Instituto Butantan.
Novo ministro
O governador de São Paulo chamou o depoimento do chefe do Executivo de “farsa”. Ao novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, o governador paulista não se manifestou com o mesmo teor de afrontamento. "Ao novo ministro, espero que tenha sucesso, pelo bem do Brasil. Que providencie as outras vacinas para os brasileiros", desejou, após outra fala indignada sobre as promessas frustradas em relação aos quantitativos de doses.
"Espero que o governo federal, em vez de prometer, faça chegar vacinas [...]. Enquanto aumentamos o número de casos e óbitos, o Ministério da Saúde informa que reduz o número de expectativa de vacinas. Eu quero dizer que a expectativa de vacina não vai no braço do brasileiro. Fere a alma e a esperança", declarou.