COLUNA

Alexandre Garcia: 'O corona atinge a política e seus objetivos eleitorais'

"Os que negam resultados das descobertas médicas, que querem todos paralisados, se distanciam da realidade do povo e das urnas"

É cada vez mais ouvido e escrito o termo: crise institucional. A vizinhança entre pandemia e eleição tem a ver com os ânimos. Ciro Gomes revelou o objetivo político: “Todos nós estamos tratando de destruir o Bolsonaro, senão, ele fica aí oito anos e acaba de liquidar o país”. Se é para usar a pandemia, esqueceram de avisar ao vírus. O corona, que traz sofrimento e leva vidas, atinge, indiscriminadamente, a política e seus objetivos eleitorais.

Nesta segunda onda, governadores repetiram com mais rigidez medidas do ano passado, sem usar o que a medicina aprendeu em um ano de experiência para evitar lotação dos hospitais. Veio a reação dos prejudicados com os fechamentos. Trabalhadores, empresários e prefeitos reclamam de governadores. Prefeitos reclamam da invasão de sua autonomia, empresários reclamam de prefeitos e governadores e o povo, que vai ficando mais pobre, reclama dos que põem a polícia para tolher o direito de trabalhar.

Os governadores voltaram a aplicar as medidas do ano passado, esperando resultados diferentes. Mas cada vez mais prefeitos apresentam novas ideias. Atacam a covid aos primeiros sintomas e reagem ao fechamento da atividade. Desgaste para muitos governadores, pior para presidenciáveis como Doria e o gaúcho Eduardo Leite. As candidaturas se diluem. Os que negam resultados das descobertas médicas, que querem todos paralisados, se distanciam da realidade do povo e das urnas.

Ainda tem o Supremo, cada vez mais guardando menos a Constituição. Fachin anula condenações de Lula; Moraes prende um jornalista e um deputado, suspende uma lei para proibir uma ferrovia estratégica e vira alvo, quinta-feira, quando o senador Kajuru e o jornalista Caio Coppola entregam 3 milhões de assinaturas para o Senado abrir processo de impeachment contra ele. O alvo revelado por Ciro é o presidente, mas o fogo amigo está fazendo baixas, e o principal atingido é o brasileiro privado de renda e de tratamento inicial na covid. Hoje, com as redes sociais, está difícil criar narrativas para evitar o troco na urna no ano que vem.