PANDEMIA

Marco Aurélio decide amanhã sobre toque de recolher nos estados

Magistrado é o relator de um pedido do presidente Jair Bolsonaro para suspender decretos de governadores do Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Bahia. Supremo já decidiu que estados têm autonomia quando não há ações nacionais

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decide nesta terça-feira (23) sobre o pedido do presidente Jair Bolsonaro para suspender o toque de recolher na Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O magistrado é o relator da ação apresentada pelo chefe do Executivo que acusa os governadores de restringir ilegalmente a circulação de pessoas. Ao Correio, Marco Aurélio disse que ainda não se debruçou sobre o tema, mas que a decisão sairá nas próximas 24 horas.

No pedido enviado ao Supremo, Bolsonaro afirma que os decretos estaduais e o distrital que tratam do toque de recolher devem ser anulados "a fim de assegurar os valores sociais da livre iniciativa e a liberdade de locomoção, além de ver respeitados os princípios da legalidade e da proporcionalidade".

O presidente alega que as restrições afetam a liberdade econômica das empresas. "Antes de completar dois anos de vigência, a efetividade da Declaração dos Direitos de Liberdade Econômica tem sido bruscamente frustrada por uma série de atos normativos estaduais que, sob a pretensão de conter o avanço da pandemia da covid-19, opta por utilizar o poder coercitivo estatal para tolher fulminantemente a liberdade econômica", diz um trecho da peça.

Para o ministro, a situação da pandemia necessita de ações urgentes. "Eu ainda não acessei o pedido do presidente, não vi exatamente o que ele está solicitando. Mas assim que eu receber o documento, tomarei minha decisão. O despacho saíra nesta terça-feira", disse.

De acordo com interlocutores ouvidos pela reportagem, a tendência é de que o magistrado negue o pedido do presidente para suspender os decretos. O Supremo já entendeu que estados e municípios têm autonomia para adotar medidas sanitárias contra a pandemia, quando não houver uma norma restritiva de alcance nacional. Bolsonaro se nega a seguir a recomendação dos especialistas para estabelecer lockdown nacional de 21 dias para frear o avanço da doença.

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