Depois de criticar os lockdowns, adotados por estados e municípios, e as medidas de restrição de circulação de pessoas, em especial, o toque de recolher determinado pelo Distrito Federal, o presidente Jair Bolsonaro partiu para cima do socorro financeiro dado pelos gestores estaduais a atingidos pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus. De novo, o alvo foi o governador da capital federal, Ibaneis Rocha, que se prontificou a pagar auxílio emergencial de R$ 408. Além do DF, benefícios semelhantes são concedidos por Rio de Janeiro e Ceará.
Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, nesta sexta-feira (13/3), Bolsonaro — que chamou toque de recolher de estado de sítio — disse que a ajuda financeira dada pelos governadores é uma forma de “tirar a liberdade” das pessoas diante das medidas de confinamento, que suspendem várias atividades. O presidente mostra-se incomodado com a competição desses benefícios com o auxílio emergencial que o governo federal passará a pagar a partir de abril. Serão quatro parcelas com valor médio de R$ 250 cada, sendo a menor de R$ 175 e a maior, de R$ 375 (leia mais na página 6). O auxílio será retomado graças à aprovação, pelo Congresso, da PEC Emergencial.
"Pessoal vai devagar, devagar, tirando seus meios, tirando sua esperança, tirando seu ganha-pão, você passa a ser sustentado pelo Estado. Você viu que tem governador, agora, falando em auxílio emergencial? Querem fazer o Bolsa Família próprio", reprovou Bolsonaro. "Quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo", enfatizou, incomodado porque tem sido muito criticado na condução da pandemia. O presidente tenta desqualificar as ações de estados e do DF para conter a disseminação do novo coronavírus, que está levando ao colapso os sistemas de saúde público e privado. Para especialistas e autoridades sanitárias, porém, o lockdown é a medida a ser adotada para frear o avanço da doença antes de a população ser vacinada.
Irritado, Bolsonaro disse ser contra todas as ações implementadas, como confinamento, toque de recolher e auxílio emergencial pago pelos estados. E repetiu declarações dos últimos dias, de que o povo não pode abrir mão de sua “liberdade”, pois é o que “tem de mais sagrado”. Ele também frisou que seria “fácil impor uma ditadura no Brasil” por meio das restrições de circulação pelas cidades. (Com Agência Estado)