O presidente Jair Bolsonaro voltou a protestar contra o lockdown adotado por governadores e prefeitos em meio à disparada de casos e mortes pela covid-19. Ele cobrou o retorno ao trabalho e, de novo, fez pouco caso da tragédia que atinge o país. “Aqui, tem muita gente que produz. Ontem (quarta-feira), almocei com seis embaixadores, e o do Kuwait me disse uma coisa que eu não sabia: 80% do que eles importam de produtos do campo vêm do Brasil”, afirmou, durante inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul, em São Simão (GO). “Vocês (produtores, agricultores) não ficaram em casa, não se acovardaram. Nós temos de enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas.”
O chefe do Executivo emendou dizendo que “sem dinheiro, sem salário e sem emprego, estamos condenados à miséria, ao fracasso, à morte, a ações que não nos interessam, como distúrbios, saques”. Por fim, fez um pedido aos governadores: “Eu apelo aqui, já que me foi castrada a autoridade, repensem a política do fecha-tudo. Venham para o meio do povo. Não fiquem me acusando de fazer aglomeração. Vamos combater o vírus, mas não de forma burra, ignorante, suicida”, disparou. “Como gostaria de ter o poder para definir essa política. E eu sei, aprendi na minha vida, que temos de tomar decisões. Fui eleito para comandar o Brasil. Espero que esse poder me seja restabelecido, porque sou um democrata”, destacou.
Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou ter um plano contra a covid-19, mas ao ser questionado sobre qual seria, não disse e justificou não ter “autoridade” para exercê-lo. “Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando desta causa a um poder central, que eu entendo ser legitimamente meu, estou pronto para botar meu plano”, ressaltou.
Antes de ir a São Simão, Bolsonaro passou por Uberlândia (MG), onde reclamou da pressão para compra de vacinas contra a covid-19. “Tem idiota que diz ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem para vender no mundo”, disparou. Ele ainda falou sobre o veto à medida que permitia a estados comprarem doses e, posteriormente, serem reembolsados pela União. “Alguns governadores queriam direito a comprar vacina, e quem ia pagar? Eu! Onde tiver vacina para comprar, nós vamos comprar.”