JUSTIÇA

PGR recorre de decisão do STJ que desmembrou ação penal contra casal Witzel

Decisão levou em conta que apenas Witzel tem foro privilegiado para ser julgado pelo STJ, enquanto os demais denunciados, como a ex-primeira-dama Helena Witzel e o empresário Mário Peixoto, deveriam ser julgados pela Justiça Estadual

A Procuradoria-Geral da República apresentou recurso à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que desmembrou a ação penal que mira o governador afastado do Rio Wilson Witzel (PSC) por propinas de R$ 554 mil em troca de direcionamento de contratações públicas. No dia 11 de fevereiro, a Corte Especial do tribunal colocou Witzel no banco dos réus, mas mandou o processo envolvendo os demais acusados para a primeira instância.
A decisão levou em conta que apenas Witzel tem foro privilegiado para ser julgado pelo STJ, enquanto os demais denunciados, como a ex-primeira-dama Helena Witzel e o empresário Mário Peixoto, deveriam ser julgados pela Justiça Estadual. Na mesma sessão, o STJ prorrogou o afastamento do governador por mais um ano.
Para a subprocuradora Lindôra Araújo, o desmembramento pode atrapalhar a ação penal pois 'a produção fracionada de provas em juízos e processos distintos impede que a autoridade judiciária veja o cenário completo, necessário para entendimento de toda a intrincada e complexa trama criminosa'.
"Está claro que o desmembramento do feito, considerados os institutos processuais da conexão e da continência não é a medida mais adequada, em razão da possibilidade de julgamentos diversos para fatos idênticos", apontou Lindôra. "Manter no STJ unicamente o julgamento de Witzel importará no fracionamento de toda essa prova, dificultando sobremaneira a reunião de elementos que permitam a reconstrução do mosaico fático demonstrativo de materialidade e autoria dos crimes imputados a todo um grupo criminoso que agia orquestradamente".
Witzel foi denunciado pela primeira vez no final de agosto, na ocasião da Operação Tris in Idem. A PGR acusa o governador afastado e mais oito pessoas por participar de esquema de propinas em troca de facilitação de contratações públicas de empresas ligadas a Mário Peixoto, preso na Lava Jato, e à família do ex-prefeito de Volta Redonda, Gothardo Lopes Netto.
O escritório de advocacia da ex-primeira-dama Helena Witzel teria sido usado para lavar ao menos R$ 554 mil em propinas supostamente pagas em troca do direcionamento de contratações.
O sinal de alerta veio quando Witzel revogou a desqualificação da organização social Instituto Unir Saúde, suspeita de irregularidades em contratos firmados com a Secretaria de Saúde fluminense. O despacho do governador afastado, assinado em março do ano passado, derrubou uma resolução administrativa e permitiu que a OS pudesse voltar a contratar com o Poder Público - embora tivesse sido excluída do rol de prestadoras aptas em razão de irregularidades na prestação de serviços em ocasiões anteriores.
Witzel foi alvo de outras duas denúncias - uma por integrar o núcleo político de organização criminosa e outra por esquema de corrupção na área da Saúde do governo fluminense. Em todas, o governador afastado nega as acusações e se diz vítima de perseguição política.