A decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar os comandos das Forças Armadas gerou a maior crise entre os militares e o governo desde a década de 1970, quando Ernesto Geisel trocou o ministro do Exército. Na força-terrestre, a visão é de que o presidente tenta fazer uso político de instituições de Estado.
No entanto, com a queda dos comandantes, a avaliação é de que os generais devem deixar o recado claro ao governo de que nenhuma das três forças vai apoiar ou se aventurar em medidas autoritárias, e que as intenções do presidente não terão sucesso, caso ele insista. "Isso jamais ocorrerá. Nenhum general de ontem, hoje e sempre permitirá isso", disse um general do Exército consultado pela reportagem.
O ministro da Defesa, Braga Netto, já chegou na reunião, realizada nesta terça-feira (30/3) com os comandantes, em Brasília, com a ordem do presidente Jair Bolsonaro para que eles deixassem os cargos na Marinha, Exército e Aeronáutica. O governo deu a opção de saída escalonada, sem a necessidade de uma saída coletiva, como está ocorrendo.
No entanto, os militares decidiram não ceder a nenhum dos pedidos e intenções do presidente. O mais exaltado na reunião foi o comandante da Marinha, Ilques Barbosa. Ele destacou que as forças não endossariam, via redes sociais, intenções do presidente, como apoio ao Estado de Sítio.
O preferido do presidente para ocupar o comando do Exército é o general Marco Antônio Freire Gomes. No entanto, se ele for alçado ao posto, leva quatro generais quatro estrelas, mas antigos, para a reserva. Pela hierarquia militar, se um mais novo assume o cargo mais elevado da força-terrestre (abaixo do presidente), os outros passam para a reserva para não ocorrer quebra da ordem hierárquica.
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