O novo ministro da Defesa, Braga Netto, tem encontro marcado com os comandantes das Forças Armadas hoje, às 8h30. Mas, antes mesmo dessa conversa formal, o general Edson Leal Pujol, do Exército, foi avisado de que deverá deixar cargo. O presidente Jair Bolsonaro está irredutível em relação a isso.
Os comandantes da Marinha, Ilques Barbosa Junior, e da Aeronáutica, Antônio Carlos Muaretti Bermudez, podem continuar em suas funções, se assim desejarem. Mas, no Exército, a ordem expressa do Planalto é por mudança. Não há mais diálogo entre o presidente e Pujol, que é contra a politização nos quartéis e defende medidas rígidas contra a pandemia do novo coronavírus.
Pela regras em vigor, os três comandantes, que são escolhidos por meio de listas tríplices, podem renunciar aos cargos. São funções políticas. Esse movimento está colocado entre as alternativas. Tudo vai depender da conversa com Braga Netto, que pedirá um voto de confiança.
O general Fernando Azevedo e Silva, demitido do Ministério da Defesa, era o último anteparo para a retirada de Pujol do comando do Exército. Com a queda do general, será natural a saída do comandante do Exército.
A pressão pela demissão de Pujol aumentou muito nas últimas duas semanas. Bolsonaro queria que o Exército fosse mais pró-governo, com demonstrações públicas nesse sentido, mesmo em relação a falas absurdas como a adoção de um estado de sítio, medida refutada tanto por Azevedo e Silva quanto por Pujol, contrários a posicionamentos políticos por meio das Forças Armadas.
Bolsonaro se sentiu traído. Chamou Azevedo e Silva para uma conversa no Planalto, às 14h. Não lhe deu nem cinco minutos de conversa e o demitiu. A decisão do presidente da República pegou todos no entorno do general de surpresa, pois ele era um dos integrantes do governo que mais defendia Bolsonaro.
O presidente quer usar as Forças Armadas como instrumento do governo. E há uma enorme resistência do pessoal da ativa em ceder às pressões de Bolsonaro. Azevedo e Silva sempre ressaltou que, dos muros dos quartéis para fora, o assunto era com ele e com Bolsonaro. Dos quartéis para dentro, é com os comandantes das Forças.
Quem conversou com Azevedo e Silva diz que ele está tranquilo, pois foi leal com o presidente da República e com os comandantes das Forças Armadas, com os quais conversa pelo menos três vezes por semana. O agora ex-ministro da Defesa afirma a interlocutores que já pressentia sua demissão, diante do aumento da obsessão de Bolsonaro por ter maior intervenção nas Forças.
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