Itamaraty

Após crítica, Kátia Abreu reforça pressão por saída de Ernesto Araújo

"O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal", disse a senadora, em nota

Marina Barbosa
postado em 28/03/2021 19:04 / atualizado em 28/03/2021 21:54
 (crédito: Evaristo Sá/AFP - 13/9/16)
(crédito: Evaristo Sá/AFP - 13/9/16)

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) rebateu a crítica recebida neste domingo (28/3) do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que estaria pressionando o chanceler para garantir o 5G e não a vacinação contra a covid-19 no Brasil. Ela disse que o chefe do Itamaraty agiu de forma "marginal", faltou com a verdade e, por isso, mostrou que "está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira".

"O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal", reclamou a senadora, em nota enviada à imprensa, após a crítica de Ernesto Araújo parar nos assuntos mais comentados no Twitter do Brasil.

Kátia Abreu alegou que, ao se reunir com Araújo no início do mês para discutir a implantação do 5G no Brasil, ela defendeu "que os certames licitatórios não podem comportar vetos ou restrições políticas e alertou "dos prejuízos que um veto à China na questão 5G poderia dar às nossas exportações, especialmente do Agro, que vem salvando o país há décadas". "Onde está em jogo a competitividade de nossa economia, como no caso do leilão do 5G, devem prevalecer os critérios de preço e qualidade", explicou a senadora. Ela disse ter pedido, ainda, que o ministro esclarecesse ao mundo a questão do desmatamento na Amazônia "para evitar mais danos comerciais ao Brasil".

Mais recentemente, Kátia Abreu também havia criticado a postura do Itamaraty nas negociações da vacina contra a covid-19. Na semana passada, em audiência pública realizada pelo Senado, ela lembrou que a diplomacia é essencial para garantir o avanço da imunização no Brasil, já que a compra de vacinas depende do relacionamento com outros países. O chanceler brasileiro sugeriu neste domingo, então, que as críticas de Kátia Abreu a sua gestão estariam relacionadas à questão do 5G e não da vacinação. "Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.' Não fiz gesto algum", escreveu Araújo, no Twitter.

A atitude do ministro das Relações Exteriores fez outros senadores saírem em defesa de Kátia Abreu e pedirem a saída de Ernesto Araújo do Itamaraty. Em nota, Kátia Abreu reforçou a pressão para que o chanceler brasileiro deixe o cargo: "Se um Chanceler age dessa forma marginal com a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República de seu próprio país, com explícita compulsão belicosa, isso prova definitivamente que ele está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira. Temos de livrar a diplomacia do Brasil de seu desvio marginal".

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