POLÍTICA

Governadores querem que auxílio emergencial seja de R$ 600

Governadores de 16 unidades da Federação enviaram carta aos presidentes do Senado e da Câmara com solicitação para que o valor do benefício seja elevado. Mais cedo, parte deles participou de reunião com Bolsonaro para criação de comitê de ações contra a covid-19

Bruna Lima
Jorge Vasconcellos
Maria Eduarda Cardim
postado em 25/03/2021 06:00 / atualizado em 25/03/2021 08:08
 (crédito: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)
(crédito: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

Governadores de 16 estados divulgaram uma carta dirigida aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em que pedem o aumento do valor do auxílio emergencial, cuja nova rodada de pagamento deve começar em abril, com um total de quatro parcelas.

Segundo a medida provisória encaminhada pelo Executivo ao Congresso, o benefício será de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375, dependendo da composição de cada uma dos 45,6 milhões de famílias que deverão ser beneficiadas. Na carta, os governadores pedem que o valor volte a ser de R$ 600 e com os mesmos critérios de pagamento do ano passado, menos rigorosos que os de agora.

Na correspondência, os gestores citam como justificativas para o aumento do valor do auxílio as cerca de 300 mil vidas perdidas para a covid-19 no Brasil, o esgotamento das redes de saúde em quase todas as unidades da Federação e o atraso na vacinação contra o novo coronavírus.

“Agir contra esse cenário requer medidas sanitárias e garantia de uma renda emergencial. Somente com essas medidas seremos capazes de evitar o avanço da morte. Por isso, entendemos que a redução dos valores do auxílio emergencial é inadequada para a eficácia da proteção da população. Enquanto a vacinação não acontecer em massa, precisamos garantir renda para a população mais vulnerável”, diz um trecho do documento.

Os gestores acrescentam que reconhecem a importância de o país não se desviar do compromisso da responsabilidade fiscal, porém, afirmam que “é importante entender o esforço de mitigação da crise atual para os mais vulneráveis como extraordinário e temporário”.

Assinam o documento os governadores de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Parte desses governadores participou, mais cedo, ontem, da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê destinado a articular as ações nacionais de enfrentamento à covid. Dos seis chefes de executivos estaduais presentes ao encontro, cinco são aliados do governo.

Estiveram no Palácio da Alvorada os gestores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM); do Amazonas, Wilson Lima (PSC); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL-RO); e de Alagoas, Renan Filho (MDB). Com exceção deste último, todos são aliados do Planalto e costumam apoiar as pautas do presidente.

De acordo com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o comitê tem a missão de ser “o ponto de convergência de todos para salvar vidas”. Já o chefe do Executivo alagoano, Renan Filho, disse, após o compromisso, não acreditar que essa iniciativa possa trazer mudanças significativas na postura de Bolsonaro.

Um dos principais adversários de Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou sobre a reunião no Alvorada, para a qual não foi chamado. “Esse comitê não nos representa, nós não fomos convidados e aquilo que representa a saúde e a necessidade de proteção da vida dos brasileiros de São Paulo deve ser tratado com o governador do estado de São Paulo, não com o representante do governador”, enfatizou.

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