O deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou na terça-feira (23/3) que sua prisão foi pior do que o Ato Institucional nº 5 — que restringiu direitos de cidadãos e representou o pior da repressão à época da ditadura militar no Brasil. Silveira foi preso em 16 de fevereiro, após publicar um vídeo com declarações antidemocráticas, com referências ao AI-5 e incitações à violência contra ministros do STF.
"O que fizeram comigo foi muito pior do que o AI-5", disse, em sua primeira entrevista após deixar a prisão. Ao participar do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, ele sustentou que sua prisão foi ilegal e disse não ver sentido na decisão do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que ordenou sua detenção."Nada faz sentido e nada está dentro da legalidade", afirmou.
A prisão de Silveira foi mantida pela própria Câmara dos Deputados, com 364 votos a favor. O episódio, contudo, fez a Casa reagir rapidamente, com a construção de um texto conhecido como PEC da Blindagem, ou PEC da Impunidade, como também ficou conhecido. O objetivo era dificultar a prisão de deputados e, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), proteger os parlamentares no que diz respeito ao seu "voto e voz".
Na época, o Correio apurou que, nos bastidores da Câmara, falava-se que a intenção do texto era tentar livrar Daniel Silveira da prisão. Diante da possibilidade de um aumento de tensão com o STF, no entanto, optou-se por sacrificar o bolsonarista. Enquanto isso, a sociedade pressionava os deputados por pautar o tema em plenário. Isso porque a PEC emergencial que permitia a volta do auxílio emergencial estava parada.No fim das contas, o presidente Arthur Lira desistiu de votar a proposta por falta de acordo com a oposição. Posteriormente, e não por ação da Câmara, Silveira foi autorizado a cumprir prisão domiciliar após uma nova decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro
Na entrevista de Daniel Silveira, ele ainda falou sobre o presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que não se sentiu abandonado pelo mandatário, apesar de Bolsonaro não ter se pronunciado, em momento algum, sobre a prisão do aliado.
"O presidente não tem nada a ver com isso, está no meio de uma pandemia. [...] Ele não me abandonou", comentou. O parlamentar disse, também, que busca entender o motivo de seus colegas na Câmara terem votado para manter sua prisão. Para ele, há a possibilidade de que os deputados tenham se sentido pressionados.
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