O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira (23/3) um pedido do presidente Jair Bolsonaro para suspender decretos dos governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; da Bahia, Rui Falcão; e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que impõem toque de recolher para reduzir a circulação de pessoas e tentar conter a disseminação do novo coronavírus. O presidente alegou que as medidas restritivas violam a liberdade econômica e direitos individuais.
No pedido, o chefe do Executivo alegou que apenas ele, ouvindo o Congresso Nacional, poderia determinar toque de recolher, mediante declaração de estado de sítio ou de defesa. No despacho, Marco Aurélio mandou um recado ao presidente, e disse que cabe a ele liderar esforços em prol da saúde da população. "Ante os ares democráticos vivenciados, impróprio, a todos os títulos, é a visão totalitária. Ao presidente da República cabe a liderança maior, a coordenação de esforços visando o bem-estar dos brasileiros", escreveu o magistrado.
Em uma conversa com apoiadores, o presidente chegou a falar em medidas mais duras contra os decretos estaduais e do DF. Ele chamou de "ditadura" e citou estado de sítio, o que preocupou o presidente do Supremo, Luiz Fux. Em ligação telefônica com Fux, Bolsonaro negou qualquer intenção de decretar estado de sítio e disse que aguardaria a decisão da Corte sobre o pedido referente ao toque de recolher.
A decisão pode ser levada ao plenário, se o governo apresentar recurso. No DF, o toque de recolher vigora todos os dias entre 22h e 5h.
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