Governo

Nem Pazuello, nem Queiroga: ministério da Saúde está sem comando

Posse de Marcelo Queiroga foi postergada duas vezes, e não há confirmação de que aconteça nesta quinta-feira (25). Enquanto isso, novas negociações e estratégias ficam estagnadas

Bruna Lima
postado em 22/03/2021 21:08
 (crédito: Evaristo Sa/AFP)
(crédito: Evaristo Sa/AFP)

No pior momento da pandemia, o Brasil vive um vácuo de liderança na principal pasta que conduz ações de combate à doença. Sem data definida para a posse de Marcelo Queiroga, novo titular da Saúde, o governo está entre um ministro demitido e outro que ainda não assumiu. O atraso impacta o prosseguimento de novas negociações e elaboração de estratégias, bem como as investigações sobre a atuação do Ministério da Saúde no enfrentamento da covid-19.

A posse de Queiroga estava prevista para quinta-feira (25/3), dez dias após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o cardiologista como sucessor do general Eduardo Pazuello. No entanto, o Planalto não define a data, que já foi atualizada duas vezes.

Antes, Queiroga, que é sócio-administrativo de uma clínica, precisa abdicar da liderança no empreendimento para assumir o cargo público, principal razão burocrática que atrasa a oficialização.

Apesar de preparar o terreno para deixar o cargo — concluiu a negociação de compra de vacinas com a Pfizer e Moderna antes de ter a demissão definida — , Pazuello aguarda o sinal verde para passar o bastão.  Novas tratativas estão suspensas até o novo ministro assumir a função.

Foro privilegiado

Militar da ativa, o general poderia voltar para os comandos no Norte do país. Mas, sendo alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), deve assumir um cargo de confiança no Executivo, até mesmo como estratégia para conferir foro privilegiado, evitando que o processo caia para a primeira instância.

Enquanto o Planalto se preocupa com a troca, remanejamento de cargos e a imagem política com aliados do Centrão, insatisfeitos com a indicação de Queiroga, a escalada de mortes por covid-19 continua em ascendência. De acordo com o levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média móvel está em 2.306 óbitos, o dobro do registrado há um mês.

Sem a oficialização, secretários, governadores e prefeitos aguardam para deliberar sobre as estratégias de enfrentamento, como novos acordos de aquisição de vacinas e medidas que vão além das urgências para que não faltem medicamentos e oxigênio nas UTI's brasileiras.

O atraso também confunde os encaminhamentos para as apurações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) mirando a pasta e a atuação na condução da crise. Sem um gestor oficial, os novos pedidos de informação para avançar nas investigações deverão ficar para depois da indefinida posse.

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