O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o caos se instalará no país e "a fome vai tirar a população de casa" em razão das medidas de restrição adotadas por alguns estados. A declaração foi feita, nesta sexta-feira (19/3), na saída do Palácio da Alvorada a apoiadores. O chefe do Executivo criticou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, relembrou episódio no começo da pandemia e disse que o povo não tem nem “pé de galinha” para comer e que a fome vai tirar o pessoal de casa”.
“O próprio governador do DF quando começou o lockdown, aqui, mostrou uma churrasqueira com uns pedaços enormes de picanha. 'Aqui ó, vou ficando em casa aqui e fazendo um churrasco'. O governador do DF mostrou isso daí. O povo não tem nem pé de galinha para comer mais. O caos vem aí. A fome vai tirar o pessoal de casa, vamos ter problemas que a gente nunca esperava ter, problemas sociais gravíssimos. Tenho mantido meus ministros informados de tudo o que vem acontecendo e ainda culpam a mim como se eu fosse um insensível no tocante a mortes, a fome também mata”, apontou.
O mandatário sinalizou ainda que pode adotar medidas “duras” caso o Supremo não decida a seu favor, mas não detalhou quais seriam. “Onde é que nós vamos parar? Será que o governo federal vai ter que tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação social do governo federal dura no tocante a isso? Que que é dura? É para dar liberdade para o povo. É para dar o direito do povo trabalhar. Não é ditadura, não. Uns hipócritas aí falando em ditadura o tempo todo, uns imbecis. Agora, o terreno fértil para ditadura é exatamente a miséria, a fome, a pobreza, onde o homem com necessidade perde a razão. Estão esperando o quê? Vai chegar esse momento. Eu gostaria que não chegasse esse momento, mas vai acabar chegando”, disparou.
Ele comparou as medidas adotadas em lockdown com estado de sítio, disse que governadores estão matando pessoas e completou que caso a população desobedeça o toque de recolher, não vai enviar o Exército para fiscalizar. “O meu exército não vai para a rua cumprir decreto de governadores. Não vai. Se o povo começar a sair, entrar na desobediência civil, sair de casa, não adianta pedir o Exército que o meu exército não vai. Nem por ordem do papa. Não vai”, emendou.
Críticas
Bolsonaro apelou para que a população tenha consciência e "não o critique apenas por criticar". Ele comparou o Brasil a um animal capturado por uma jiboia que luta para respirar e repetiu que aguarda uma sinalização positiva do STF em relação à Adin enviada nesta quinta-feira contra o toque de recolher adotado por governadores dos estados da Bahia, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.
"Eu espero que a população cada vez mais se inteire do que está acontecendo, não façam críticas pelas críticas. Entendam e tenham consciência do que está acontecendo. Eu estou vendo aqui que o Brasil está igual aquele animal que foi capturado pela jiboia, que cada vez vai apertando mais. Daqui a pouco a gente não pode respirar mais. Espero que essa ação ontem que eu dei entrada dê certo, tá? Que seja despachado. Tem um pedido de liminar, vai ser sorteado o relator com toda certeza no dia de hoje. Vamos preparar uma outra ação também. Eu acho que todo mundo tem que buscar uma maneira melhor de achar uma solução para isso aí, baseado no direito de ir e vir", relatou.
"Não se pode governadores e prefeitos usurparem da Constituição via decreto, retirar o direito de ir e vir das pessoas. Isso é para estado de sítio, estado de defesa. E não é só eu, é o Congresso também sendo ouvido. Caso contrário, nós vamos sucumbir. Vamos ter que reagir", completou.
Sopa de Brasil
O presidente também repetiu a parábola do sapo fervido aos bolsonaristas e disse que o país está virando sopa. "A temperatura está acima de 60º, você joga um sapo numa panela de água quente ele bate e sai fora. Mas você coloca a panela de água fria e começa a esquentar chega um ponto de 60º, 70º, ele não tem força para sair da panela e vai virar sopa. Nós aqui estamos virando sopa no Brasil".
Por fim, Bolsonaro tentou justificar os mais de 280 mil brasileiros mortos pela covid-19 afirmando que mortes ocorrem em todos os países. "Qual país do mundo não morre gente? Todos os países morrem. Eu falo desde o começo. Lamento as mortes, mas temos que enfrentar esse problema. Lá atrás, qual era o objetivo do lockdown? Não era achatar a curva? Estamos há um ano achatando a curva. E achatar a curva para quê? Para dar tempo de os hospitais se prepararem com leitos, UTIs e respiradores. Eu dei dezenas de bilhões de reais. Onde tá esse dinheiro? Onde está esse dinheiro? Você vê, eu diminuo imposto federal de diesel e do gás de cozinha. O que que muitos governadores fazem? Aumentam o ICMS. O que que estão querendo com isso ai?", atacou.
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