Cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, a cardiologista Ludhmila Hajjar teria comunicado ao presidente Jair Bolsonaro que não aceita o cargo. A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, sobre conversa realizada na manhã desta segunda-feira (15/3), e confirmada, ao vivo, pela própria profissional em entrevista à CNN, quando disse que o motivo da recusa é que sua carreira foi sempre pautada na ciência.
Ludhmila Hajjar já havia se reunido com Bolsonaro na tarde deste domingo (14/3), no Palácio da Alvorada. A conversa, no entanto, foi inconclusiva. A médica tem postura favorável ao isolamento social como forma de combater o avanço do vírus e já criticou o uso da cloroquina, bandeiras que contrastam diretamente com o que defende o presidente desde o início da pandemia.
A escolha de Ludhmila, no entanto, poderia atender a outros interesses do governo. Médica de vários parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), é tratada como uma unanimidade pelo alto escalão da Justiça e da política. Com ela no ministério, Bolsonaro passaria a ter o apoio do Congresso e do Judiciário na condução da pandemia. Não se sabe, no entanto, se o presidente se adaptaria a uma profissional que tem opinião própria e posição clara sobre como lidar com a doença.
Ludhmila tem a simpatia de políticos influentes do Progressistas e a defesa declarada do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que, em mensagem no Twitter, defendeu a nomeação. "Coloquei os atributos necessários para o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila."
Governo busca troca de comando
No ápice da pandemia no Brasil, o governo de Jair Bolsonaro procura agora seu quarto ministro da Saúde. Pressionado pela explosão de mortes e internações por covid-19 e frustrações na campanha de vacinação, o presidente decidiu trocar o comando da pasta. Políticos que participam das conversas com o Planalto dizem que o general se inviabilizou como ministro.
Segundo autoridades que acompanham a discussão, Bolsonaro resiste a entregar a Saúde a um político do Centrão, que vem cobiçando a vaga. Por isso, a alternativa mais provável passou a ser a entrada de um profissional da saúde. Além de Ludhmila, o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, também chegou a ser apontado como opção.
Com informações da Agência Estado.
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