Insatisfeitos com a resposta do governo federal à pandemia da covid-19, senadores devem pressionar o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalar, nesta semana, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta do presidente Jair Bolsonaro e demais membros do Executivo à crise sanitária. O pedido chegou à mesa de Pacheco no início de fevereiro. Os parlamentares acreditam que ele teve tempo suficiente para refletir sobre o pedido e que precisa dar uma resposta logo, sobretudo por causa do recrudescimento dos números de mortos e infectados pela doença.
Além do estágio severo da pandemia, pesa para o pedido de CPI o fato de Bolsonaro ter voltado a entrar em choque com governadores devido ao restabelecimento de medidas restritivas ao comércio como forma de tentar frear a disseminação do novo coronavírus. Além disso, a cada semana, o presidente cumpre agenda oficial em diferentes unidades da Federação e, na maioria das vezes, não usa máscara de proteção e provoca aglomerações, atitudes que favorecem a proliferação da covid-19.
Os senadores aguardam uma reação de Pacheco, pois acreditam que ele tem de mostrar ao restante do Senado que é independente ao Palácio do Planalto — nas eleições deste ano para a presidência da Casa, Bolsonaro fez campanha pelo democrata —, e não passar a impressão de que vai deixar o governo “fazer o que quiser”.
No último fim de semana, os 31 parlamentares que assinaram o pedido para a abertura da CPI da covid passaram a conversar em um grupo de WhatsApp para definir como será a cobrança. A primeira pressão pode acontecer hoje, durante sessão no plenário, quando pensam em pedir a Pacheco para ler o requerimento e instalar a CPI.
“O governo deixou de usar R$ 80 bilhões de orçamento para covid-19 em 2020. Os recursos que mais ficaram parados foram os destinados à área da saúde e ao pagamento do auxílio emergencial. Duas urgências indiscutíveis. A instalação da CPI da pandemia é urgente”, explicou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido no Senado, que protocolou o pedido no mês passado.
“Bolsonaro cortou o auxílio emergencial, fechou leitos de UTI, promove aglomeração, combate o uso de máscaras, desdenhou dos laboratórios produtores de vacinas, estimulou o uso de cloroquina. Ele não governa, comete crime”, acrescentou o senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido na Casa.
Lira é contra
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou o pedido de instauração de uma CPI da covid. Segundo ele, o momento não é bom para esse tipo de discussão e o Legislativo deveria se preocupar em analisar pautas que ajudem no combate à crise e que contribuam para a compra de mais vacinas. Para ele, a comissão deve ser instalada no futuro, quando os efeitos da pandemia estiverem menores. “Depois que garantirmos vacinas para a população, vamos ter a oportunidade. Mas se, agora, pararmos o Congresso com uma CPI para discutirmos quem está errando, não vamos conseguir concentrar esforços para que a gente tenha uma saída mais rápida possível, para que o Brasil tenha sua população atendida com relação à pandemia, saúde e economia com condições de se manter em pé para que não entremos numa recessão”, acrescentou.
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