O presidente Jair Bolsonaro rebateu, indiretamente, nesta sexta-feira (26/02), críticas do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), sobre suas viagens durante a pandemia, em meio à aglomeração. O mandatário disse que sugere aos que o criticam que “façam o que ele faz”. Ele voltou a condenar a política de lockdown e afirmou que o que mais ouviu de apoiadores foi pedidos de “retorno ao trabalho”.
O mandatário apontou ainda que os governadores que “fecham tudo estão na contramão do que o povo quer”. A declaração ocorreu em Tianguá, no Ceará, durante a cerimônia de assinatura de ordens de serviço da Travessia local, das Variantes de Frios e Umirim e do Viaduto de Horizonte.
“Aos políticos que me criticam sugiro que façam o que eu faço. Tenho um prazer muito grande de estar no meio de vocês. Dizer a esses políticos do Executivo que o que eu mais ouvi por aqui foi "presidente, eu quero trabalhar". O povo não consegue mais ficar dentro de casa. O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que o povo quer. Não me critiquem. Vão para o meio do povo mesmo depois das eleições, porque durante as eleições é muito fácil. Eu quero ver é depois”, disparou.
Bolsonaro disse, ainda, que possui um carinho especial por todo o país, mas que viagens no Nordeste o fazem sentir fortalecido.
“O nosso governo tem um carinho muito especial por todos no Brasil. Confesso que quando eu venho para o Nordeste eu me sinto fortalecido, eu me sinto feliz por estar ao lado de um povo tão sincero, leal e patriota. Vocês merecem o melhor de nós. Agradeço a Deus pela minha vida e também pelas mãos de muitos de vocês que me deram essa missão de governar o nosso país. Faço com muito orgulho”.
Apesar de dizer que não reclama das dificuldades, o presidente disse que as críticas a ele ocorrem 24 horas por dia. Porém, bradou que não desistirá: "Não reclamo das dificuldades, ataques acontecem praticamente 24 horas por dia, mas entre esses que me atacam e vocês, vocês estão muito na frente. Não me vão fazer desistir, porque afinal de contas eu sou imbrochável", afirmou, sendo ovacionado ao som de "mito" pelos bolsonaristas presentes, que também entoaram frases como “Fora Camilo” e “Queremos trabalhar”.
O mandatário também fez acenos ao parlamento alegando que não há intrigas. "Não somos três poderes, somos dois poderes: o Executivo e o Legislativo trabalham juntos. Um nada faz sem o outro. E, na história do Brasil, nunca tive tanto apoio como estamos tendo agora com vocês deputados senadores e alguns deputados estaduais. Não há entre nós intrigas, há vontade de trabalhar", emendou.
Futebol
Bolsonaro que é palmeirense, comentou a vitória do Flamengo no jogo de ontem contra o São Paulo e comparou o futebol com a política, no sentido de aceitar vitórias e perdas. "Quis o destino que o Flamengo fosse campeão e tenho certeza que hoje eu também sou Flamengo. A nossa história e a nossa alma está ligada ao futebol. Realmente venceu e foi campeão o melhor. Reconhecemos isso. No Brasil, a política é no mesmo caminho. Vale o que nós fazemos não o que falamos. O que fazemos vale muito mais do que palavras e tenho comigo um grupo de ministros que nos fazem cada vez mais nos orgulhar".
Por fim, o presidente disse estar ligado ao Nordeste. "É uma satisfação muito grande estar aqui. Afinal de contas, minha filha de 10 anos tem em suas veias sangue de cabra da peste do Ceará. O meu sogro é de Crateús. Estou ligado a essa terra. Mais do que dar início a qualquer obra ou completar outra, a satisfação em estar no meio de vocês não tem preço", concluiu.
Acompanharam o presidente em comitiva o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência; Gilson Machado, ministro do Turismo; Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo e o deputado federal Helio Negão (PSL-RJ). Bolsonaro seguirá para Fortaleza onde visitará a duplicação da BR-222 e o anel viário local. A expectativa é de que o chefe do Executivo retorne para Brasília à noite.
“Grave equívoco”
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou na noite desta quinta-feira (25/02) que não acompanharia o presidente Jair Bolsonaro durante visita ao estado nesta sexta-feira (26/02).
Por meio das redes sociais, ele caracterizou a viagem do presidente como grave equívoco em meio à pandemia de covid-19.
Em mais uma viagem hoje pelo país, o presidente repetiu uma cena corriqueira: Surgiu sem máscara cumprimentando bolsonaristas com apertos de mãos e tirando selfies causando aglomeração de apoiadores. O pano de fundo é a pandemia de covid-19, que já vitimou fatalmente pelo Brasil mais de 250 mil pessoas. O vídeo da chegada a Tianguá foi postada por Bolsonaro nas redes sociais: