A Executiva Nacional do PSDB definiu que o ex-deputado e ex-ministro Bruno Araújo permanece na presidência da legenda até maio de 2022, conforme acordo sacramentado na reunião da instância máxima do partido, realizada ontem. A decisão é uma resposta às articulações do governador de São Paulo, João Doria, para assumir o comando da sigla, em maio próximo, e pavimentar o caminho para ser indicado à corrida pelo Palácio do Planalto, no ano que vem.
“Bruno Araújo permanecerá no comando do PSDB até maio de 2022. A decisão unânime da Executiva Nacional do partido referendou ofício assinado pelos presidentes de diretórios estaduais e pelas bancadas na Câmara e no Senado”, diz a nota da Executiva. “Também serão prorrogados os mandatos nos segmentos partidários — PSDB-Mulher, Juventude, Tucanafro e Diversidade Tucana –– e no Instituto Teotônio Vilela (ITV), o centro de estudos políticos do PSDB”, acrescenta o texto. Também ficou garantida a autonomia para que os diretórios estaduais e municipais possam decidir sobre a prorrogação dos mandatos dos dirigentes locais.
Após a decisão da Executiva Nacional, que foi referendada em uma reunião virtual, o governador de São Paulo, ao falar com a imprensa sobre as divisões da legenda, pregou “paz, respeito ao contraditório e entendimento”.
A fissura no PSDB começou a se acentuar na última segunda-feira, durante um jantar de Doria com membros da cúpula da legenda, no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, aliados do governador apresentaram um plano para que ele assumisse a presidência da sigla, em maio. A ideia era que pudesse unir a legenda contra o presidente Jair Bolsonaro e se lançar candidato ao Palácio do Planalto, em 2022.
Em uma das partes mais tensas do encontro, Doria defendeu o afastamento do deputado federal Aécio Neves (MG) do partido, pois o responsabiliza pela articulação que levou parte da bancada do PSDB na Câmara a votar em Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Casa, quebrando o acordo pelo qual o partido havia anunciado adesão à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). Apoiado por Bolsonaro e por setores tucanos, Lira venceu a eleição.
Precipitação
Dentro do partido, a ofensiva de Doria foi considerada desleal e precipitada. Na quarta-feira (10/02), 23 dos 33 deputados federais do partido, incluindo Aécio, divulgaram nota em apoio à prorrogação dos mandatos de Bruno Araújo no comando da legenda e dos demais integrantes da Executiva Nacional. A emergência da pandemia da covid-19 foi o principal argumento dos parlamentares para defenderem a não realização da eleição para a presidência do partido. Na última quinta-feira, foi a vez de os sete senadores do PSDB respaldarem as prorrogações, também por meio de um comunicado.
Também na quinta-feira, 21 parlamentares tucanos foram a Porto Alegre para pedir a Eduardo Leite que lançasse sua pré-candidatura à Presidência da República, em um contraponto a Doria. O governador do Rio Grande do Sul não só aceitou o desafio como anunciou que percorrerá o país como postulante à indicação do partido.