O presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem pressa em definir a extensão do auxílio emergencial e que o benefício deve ser pago a partir de março, em até quatro parcelas. “Eterno é aposentadoria, é o BPC, tá? E é uma questão emergencial, porque custa caro para o Brasil. É um endividamento enorme para o país. Tá quase certo, né. Ainda não sabemos o valor. Com toda certeza, pode não ser, né, a partir de março, três, quatro meses. É o que está sendo acertado com o Executivo e com o Parlamento também, porque temos de ter responsabilidade fiscal”, ressaltou, após a cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
Bolsonaro, no entanto, voltou a criticar o lockdown e enfatizou que a população precisa voltar aos postos de trabalho. “Agora, não basta apenas conceder mais um período de auxílio emergencial. O comércio tem de voltar a funcionar. Tem de acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos e de quem tem comorbidades. O resto, tem de trabalhar”, repetiu. “Caso contrário, se nos endividarmos muito, o Brasil pode perder crédito e, daí, a inflação vem. A dívida já está em R$ 3 trilhões, daí vem o caos, e ninguém quer isso.”
Mais cedo, no discurso durante a cerimônia, Bolsonaro frisou que a equipe econômica estuda a continuidade do auxílio emergencial, mas destacou que a medida não pode ser eterna. Ele emendou que “o povo quer, na verdade, é trabalho”.
Estados Unidos
Ainda na base de Alcântara, Bolsonaro disse esperar que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mantenha os acordos com o Brasil assinados pelo antecessor, Donald Trump, incluindo o de salvaguardas tecnológicas (AST), que permite o uso comercial do centro de lançamento maranhense.
“O povo americano, eles são realmente voltados para o interesse da sua nação. Muda governo, pouca coisa muda. Acredito que todos os acordos que assinamos com o governo Trump serão mantidos pelo governo Biden. Acredito nisso porque, afinal de contas, todos nós ganhamos. Não é apenas o americano, é o Brasil também”, destacou.
A preocupação é de que haja pressão por parte de ONGs e da população americana para a revisão do acordo, em meio ao descontentamento com Bolsonaro por conta das políticas de direitos humanos, minorias e meio ambiente. “Ficamos 20 anos aguardando o momento para botar para a frente o Centro de Lançamento de Alcântara. Foi feito em 2019, com a assinatura, e depois, com o acordo da Câmara, por meio da Comissão de Relações Exteriores, cujo presidente era o deputado Eduardo Bolsonaro”, afirmou o presidente. “Agora, estamos com uma realidade aqui. Isso aqui realmente nos coloca no seleto grupo dos lançadores de satélites.”
Vantagem econômica
O acordo com os Estados Unidos foi assinado entre Bolsonaro e Trump em março de 2019 e promulgado no Brasil em janeiro de 2020. O documento dá permissão aos norte-americanos de usarem a base para lançamento de foguetes. O local fica na linha do Equador, o que permite a redução de combustível do foguete e o consequente barateamento do lançamento, daí o interesse dos EUA. Já o Brasil será remunerado por ceder as instalações.
PSDB: Leite encara Doria
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou, ontem, a pré-candidatura à Presidência da República, atendendo a pedido feito por 21 deputados e senadores tucanos, com os quais almoçou em Porto Alegre. Os parlamentares viajaram à capital gaúcha na busca de um contraponto à ofensiva do governador de São Paulo, João Doria, que trabalha para concorrer ao comando da sigla e disputar as eleições presidenciais de 2022. No encontro, Leite apresentou realizações do seu governo e disse que começará a percorrer o país como pré-candidato ao Planalto.
“Aceitei essa missão de levar essas experiências nas boas conversas que teremos Brasil afora”, disse Leite. Ele, no entanto, fez questão de amenizar o tom de revanche que dominou o encontro com os parlamentares. “Presidência é destino, circunstância. O meu papel é ajudar. Tem uma forma de fazer política que precisa ser recuperado, focando em resultados que melhorem a vida da população e não em conflitos estéreis”, enfatizou. “O que se dá a largada aqui não é a uma candidatura. Não é o lançamento de um nome, mas, sim, de um movimento dentro do partido. A definição de quem vai liderá-lo é para o momento apropriado, mais à frente.”
A crise interna no PSDB começou na segunda-feira, num jantar de Doria com membros da cúpula da legenda. Na ocasião, aliados do governador apresentaram um plano para que ele assumisse a presidência da sigla em maio. A ideia era que ele pudesse unir o PSDB contra o presidente Jair Bolsonaro e se lançar candidato ao Planalto em 2022.
No jantar, Doria defendeu o afastamento do deputado Aécio Neves (MG) do partido. O governador responsabiliza o parlamentar mineiro pela articulação que levou parte da bancada tucana na Câmara a votar em Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Casa, quebrando o acordo pelo qual o partido havia anunciado adesão à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). Apoiado por Bolsonaro, Lira venceu a eleição.
No PSDB, a ofensiva de Doria foi considerada desleal e precipitada. Na quarta-feira, 23 dos 33 deputados federais tucanos, incluindo Aécio, divulgaram nota em apoio à prorrogação dos mandatos do atual presidente do partido, Bruno Araújo, e dos demais integrantes da Executiva Nacional. Ontem, foi a vez de os sete senadores do partido fazerem o mesmo, também por meio de um comunicado.
“A bancada dos senadores do PSDB, em decisão unânime e na esteira da manifestação dos presidentes estaduais e deputados federais, reitera a confiança na Executiva Nacional e apoia a prorrogação dos respectivos mandatos”, diz a nota. “Os senadores estão certos de que, com a decisão, o partido seguirá mantendo a democracia interna e a convergência na busca de soluções para que o país possa vencer a pandemia e retomar o crescimento com justiça social.”