Após não ter sido convidado para a reunião ministerial ocorrida pela manhã com a presença em peso de ministros, o vice-presidente Hamilton Mourão também não compareceu à solenidade de lançamento do programa Adote um Parque, ocorrida à tarde, no Palácio do Planalto. O general justificou a jornalistas que 'tinha outras coisas para fazer'.
“Eu estava trabalhando aqui. Tinha outras coisas pra fazer”. Questionado se havia sido convidado para o evento, o vice respondeu positivamente: "Fui, lógico que fui", apontou.
No evento, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também foi perguntado sobre a ausência do general, mas desconversou. "Isso é uma iniciativa de todo governo federal, tanto que vários ministros estão presentes, parlamentares, enfim, que une inclusive os governos estaduais. Então, a ideia é aglutinar o máximo de esforços de todos", destacou..
"Não estou incomodado"
Horas antes, o vice-presidente Hamilton Mourão disse a jornalistas que “não estava incomodado” com a ausência de convite para a reunião ministerial. “Não fui convidado. Não fui chamado. Então, acredito que o presidente julgou que era desnecessária minha presença. Só isso”, apontou.
Fontes palacianas afirmam que Bolsonaro está incomodado com declarações que o vice concede à imprensa, envolvendo assuntos tratados na reunião. Em janeiro, Mourão indicou a jornalistas que o presidente colocaria em prática uma reforma ministerial e que uma das trocas que deveriam ocorrer era no Ministério das Relações Exteriores, com Ernesto Araújo deixando o cargo. O mandatário foi efusivo e rebateu secamente a ideia dizendo que o governo não precisa de 'palpiteiros'.
Um segundo acontecimento ajudou a aprofundar a crise quando um assessor do general alertou o chefe de gabinete de um parlamentar sobre a possibilidade de o Congresso ter de começar a se preparar para analisar um pedido de impeachment contra o comandante do Palácio do Planalto. Mourão exonerou o assessor envolvido no caso, Ricardo Roesch Morato Filho e reforçou que 'jamais vai trabalhar contra Bolsonaro'.
Adote um parque
O programa Adote um Parque permite que pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, possam doar bens e serviços para contribuir com a proteção ambiental em parques nacionais na Amazônia. São esperadas propostas de investimento que totalizam um potencial de R$ 3,2 bilhões anualmente.
Segundo o governo, na primeira fase do programa, o foco estará nas 132 unidades de conservação federais na Amazônia. Os parques ocupam 15% do bioma, totalizando 63,6 milhões de hectares. Os recursos serão aplicados diretamente pelos parceiros nas unidades adotadas. As pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras que adotarem os parques, serão reconhecidos como “Parceiros do Meio Ambiente” e poderão divulgar essa parceria. A adoção será de um ano, podendo ser renovada após o fim do prazo.