Brasília-DF

A oposição vai separada em 2022

A contar pelo cenário atual, não haverá uma frente ampla de partidos de esquerda. O PT já colocou Fernando Haddad na pista e, como maior partido desse campo, não deixará de lançar seu próprio candidato, nem que seja para mostrar à sociedade que está renovado. O PDT está com Ciro Gomes em franca movimentação, a ponto de buscar inclusive o ex-deputado Miro Teixeira como coordenador da pré-campanha. Guilherme Boulos (PSol) tampouco está parado.

Embora ainda haja muito tempo até lá, a ampla aliança esquerdista não ocorrerá. Em tempos de eleições proporcionais sem coligações, quem tem alguma visibilidade prefere lançar um candidato a presidente para chamar de seu a fim de ajudar a puxar a formação de bancada. Por isso, frente ampla na oposição, só no segundo turno.


Quem vai pagar por isso

A decisão do governo de baixar o limite das liberações de um doze avos para um dezoito avos está prejudicando vários programas governamentais, inclusive na área de saúde, onde alguns estados apresentam situação crítica no atendimento. E essa conta o governo vai jogar no colo do Congresso, que não votou o Orçamento de 2021, no ano passado, por pura briga de poder interno.


O desgaste é geral

Entre os congressistas, está claro que, em vez de ficar buscando culpados, a melhor forma de resolver o impasse é votar o mais rápido possível, antes que o governo jogue toda a responsabilidade sobre o Parlamento. Afinal, a redução da liberação de recursos de um doze avos para um dezoito avos também ajuda a agravar a situação. Algumas universidades federais, como a de Santa Catarina, não têm recursos para fechar as contas do mês.


Cargo é poder

Nem todos os quase 500 exonerados dos Cargos de Natureza Especial (CNE) pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, ficarão a ver navios. Agora, o deputado que quiser retomar a vaga do apadrinhado estará devendo “um favor” ao presidente. A competência, em muitos casos dessas nomeações, fica em segundo plano.


Cargo é poder II

Esse tipo de atitude ocorre em todas as mudanças de Mesa Diretora. Quando brigou com Arthur Lira, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia fez o mesmo com os indicados do então líder do PP.


Por falar em cargos…

O que se diz entre quatro paredes no PP é que, se não houver reforma ministerial, o bicho vai pegar. E os acertos prévios incluem a deputada Celina Leão no Ministério do Esporte, que hoje nem existe. A pressão pela mudança dos ministros e pela criação de pastas é um dos grandes focos de tensão do período carnavalesco sem escola de samba e blocos nas ruas.


… A briga promete

Há quem diga que a tensão entre o líder do governo, Ricardo Barros, e a Anvisa por causa da Sputnik V é só o começo.


CURTIDAS

Ponto frágil/ Além dos problemas na área de saúde, há outro assunto que preocupa o governo: a ajuda que Jair Bolsonaro, enquanto presidente da República, deu ao filho Flávio Bolsonaro no inquérito das “rachadinhas” e os relatórios sobre o caso, revelados em reportagem de Guilherme Amado, da revista Época.

Dá para segurar, mas.../ Não será por causa disso que a atual cúpula do Congresso aceitará abrir processo de impeachment contra o presidente. É um problema para a Justiça, que tem um rito demorado. Agora, quanto mais Flávio Bolsonaro se expuser com as manobras jurídicas para protelar investigações e julgamentos, pior ficará a situação política. Até no PP, há quem diga que tudo tem limite.

Romário em outras paisagens/ Com dificuldades eleitorais no Rio de Janeiro, o senador Romário começou a pesquisar como anda a sua popularidade. A ideia é tentar um mandato de deputado federal por outro estado. Uma das possibilidades é o Acre.

A voz do povo/ As diaristas dos parlamentares têm sido fonte de informação nesse período sem auxílio emergencial. No Ceará, por exemplo, Dri, que trabalha para o deputado Danilo Forte, não esconde sua visão: “O governo pagou para muita gente que não precisava e agora não tem dinheiro para pagar àqueles que realmente têm necessidade”, diz.