O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta quarta-feira (3/2) que deverá se reunir no final de março com os demais presidentes do Mercosul. A declaração foi feita a jornalistas, no Palácio do Planalto, ao lado do presidente do Uruguai, Lacalle Pou, com quem o chefe do Executivo se encontrou mais cedo para um almoço, no Palácio da Alvorada. O mandatário também falou sobre a possibilidade de flexibilização do bloco.
"O Uruguai é um parceiro nosso. É um país importante que integra o Mercosul. Conversamos sobre a possibilidade de flexibilizar, para cada país, os seus negócios com outros países, falamos um pouco de energia e infraestrutura também", apontou Bolsonaro.
O presidente falou sobre a possível reunião, que deverá ocorrer em Foz do Iguaçu. "Também foi tratado com o presidente do Uruguai e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, uma possível reunião dos quatro presidentes do Mercosul, possivelmente para o final de março", acrescentou.
Lacalle Pou ressaltou que a reunião com Bolsonaro foi proveitosa e citou os 30 anos do Mercosul. "Uma reunião muito boa com o presidente Bolsonaro, com o ministro Araújo e com o resto dos ministros. Nessa diplomacia presidencial, para nós é muito importante falar diretamente. Nós temos temas que nos unem, temas que são de interesse de cada um e temas que podem nos desunir, que posso dizer tranquilamente que foram nulos neste caso. Volto ao Uruguai muito satisfeito e muito contente porque, quando encontramos temas e caminhos que fazem bem à região e fortalecem tanto o povos brasileiros quanto o uruguaio, para nós é uma inteira satisfação", relatou.
O líder uruguaio completou que a flexibilização proporcionaria desenvolvimento aos participantes do bloco. "Pertencemos ao Mercosul, vamos completar 30 anos desta associação, e como toda associação, tem-se que revê-la e cuidá-la. E o próximo passo, neste mundo moderno, é a flexibilização, para que cada país, ainda pertencendo (ao bloco), possa avançar", continuou.
Desenvolvimento da hidrovias e ponte na agenda
Como segundo passo, ele destacou as hidrovias que ligam os países. "Há as lagunas no leste do nosso país e a possibilidade de avançar na hidrovia no Rio Uruguai, que tanto poderia beneficiar o Uruguai, a Argentina e parte do Sul do Brasil. Vamos convidar o presidente Fernández (da Argentina) para fazer um estudo de pré-viabilidade da mesma".
O presidente uruguaio enfatizou que retornará ao seu país satisfeito com os rumos da reunião. "Hoje volto ao meu país com a notícia de que coincidimos em uma enorme quantidade de temas, que são a liberdade dos nossos povos, a prosperidade dos nosso povos e, é claro, a boa relação e comunhão, neste caso, de Uruguai e do Brasil. Presidente, me alegro muito em ter tido essa reunião", concluiu.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, destacou que um dos objetivos da política de transportes brasileira é a integração regional sul-americana. Ele citou o fortalecimento da ligação entre Brasil e Uruguai com a dragagem da Lagoa Mirim e a construção de uma nova ponte sobre o Rio Jaguarão, no Rio Grande do Sul. No entanto, destacou que as obras necessitam de liberação de orçamento.
"Temos alguns projetos muito importantes em conjunto, e vou destacar dois. Primeiro a dragagem da Lagoa Mirim que vai fazer com que a hidrovia do Mercosul se torne uma realidade. É um projeto que está bem equacionado e a gente tem condições de fazer. O segundo projeto de integração é a ponte do Jaguarão, a segunda ponte do Jaguarão. Existe uma ponte lá bastante antiga, que é a ponte Barão de Mauá que, a partir do momento em que consiga fazer a segunda ponte, a gente vai restaurar essa primeira ponte. Tão logo tenha orçamento, a gente vai fazer a ponte para aumentar, fortalecer esses laços que existem entre o Brasil e o Uruguai", disse Tarcísio.
Integração energética
Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, destacou a integração energética. "Em face da crise hídrica que o país passa desde outubro do ano passado, nós estamos importando energia do Uruguai e da Argentina. Isso mostra que a integração é importante para a segurança energética dos países, e nós estamos trabalhando para que ela cada vez aumente mais, chamando outros países do Mercosul a participar", observou.
Por fim, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, destacou a irmandade entre os países. "O Uruguai é um país essencial na nossa parceria dentro do Mercosul, com uma visão muito semelhante à nossa, e que queremos levar para um encontro dos quatro presidentes, também com os presidentes do Paraguai e da Argentina, em março, aos 30 anos do Mercosul, e ver o que é que pode ser feito para redinamizar o Mercosul. Algo que já estamos fazendo, mas para levar mais adiante ainda isso. O Uruguai foi um país com o qual nós nos entendemos perfeitamente durante a pandemia, então isso tudo mostra a nossa irmandade e a qualidade da relação", concluiu.
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