O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) fechou um acordo com os partidos do bloco do candidato derrotado Baleia Rossi (MDB-SP), e a última reunião de líderes desta terça-feira (2/2) ocorreu em tom mais ameno, com congratulações ao novo chefe da Casa e até um “parabéns pra você”. Com o novo combinado, a 1a vice-presidência da Casa fica com o PL, e a segunda, com o PSD. A 1a secretaria ficará com o PSL, a 2a, com o PT, a 3a ficará com o PSB, e a quarta secretaria ficará com o Republicanos.
A vaga do PT ficará com a deputada Marília Arraes (PE), e a do PSL, com o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar, também de Pernambuco. Faz parte do acordo, ainda, que as legendas apresentarão candidatos únicos. O registro será feito às 20h, e a eleição da nova Mesa Diretora ocorrerá na manhã desta quarta (3). O entendimento era fundamental para o prosseguimento dos trabalhos da Câmara. Caso contrário, Lira teria que enfrentar obstruções de 10 legendas e quase 200 parlamentares.
Após o colégio de líderes, a oposição foi à presidência para uma segunda reunião com Lira, para “lavar a roupa suja”, como afirmaram dois parlamentares do bloco. A proposta era de que se falasse o que não foi dito na reunião de líderes, embora os parlamentares demonstrassem bom humor na entrada do gabinete de Lira. A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), destacou a importância do diálogo para a Câmara funcionar.
“Fizemos uma conversa entre todos os líderes, para permitir que a Casa funcione. O presidente Lira teve uma vitória maiúscula, mas não pode fazer com que a outra parte não participe dos espaços da Câmara. Nosso entendimento foi de que essa é a Casa da política, e só existe diálogo se fizer política. Iniciamos um processo de acordo. Uma parte que esteve na campanha do candidato Baleia vai se retirar para chegar ao seu entendimento, para que a gente possa, até as 20h, registrar as novas candidaturas e realizar a reunião (eleição) amanhã pela manhã”, afirmou a deputada.
"Violência"
O líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE) destacou que a atitude de Lira após assumir a presidência, nas últimas horas de segunda-feira (1), foi um ato de “violência”. Porém, o deputado também expressou satisfação com o acordo. Na nova mesa, Lira segue tendo apoiadores na 1a e 2a vice-presidência e, também, na 1a secretaria, com Bivar. “Houve ontem um absurdo que era tirar o PT de tudo. Revertemos no diálogo, pelo papel que tem o PT na Casa, e o bloco de oposição vai ocupar duas titularidades e duas suplências. Fizemos um acordo para preservar o nosso tamanho”, disse.
Segundo Guimarães, o próprio Lira teria reconhecido que se excedeu em seu primeiro ato como presidente, quebrando um acordo, dissolvendo o bloco do adversário e anulando a votação para a Mesa Diretora. O partido, que registrou seu apoio a Baleia Rossi seis minutos após o prazo, 12h de 1º de fevereiro, também conseguiu preservar a permanência no bloco. “Claro que a violência que foi praticada ontem, o próprio presidente reconheceu que houve um erro político. E, portanto, ainda com base, segundo ele, em dados do departamento legislativo, de que havia um problema no prazo, do horário, mas que o entendimento preservou a unidade para concluirmos a votação amanhã”, afirmou.