CRISE

Bolsonaro afirma que culpa do preço dos combustíveis é dos governadores

Presidente se diz vítima de lobby bilionário do setor, volta a se queixar do ICMS, critica política de lockdown adotada por gestores estaduais e municipais e reclama de "censura" do Facebook.

Ingrid Soares
postado em 12/02/2021 15:15 / atualizado em 12/02/2021 15:17
 (crédito: Evaristo Sa/AFP - 17/12/20)
(crédito: Evaristo Sa/AFP - 17/12/20)

O presidente Jair Bolsonaro jogou a culpa pelo preço dos combustíveis na conta dos governadores. Nesta sexta-feira (12/2), a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo ressaltou que a população deveria "culpar as pessoas certas" pela crise. Ele ainda voltou a criticar a política de lockdown.

“Estamos com problemas se avolumando. O povo está perdendo o poder aquisitivo. A inflação além do normal nos produtos de primeira necessidade, o preço dos combustíveis... A culpa é de quem? Isso tudo é minha? Fica em casa, que a economia a gente vê depois. Lembra quando eu falava, eu criticava o fique em casa? Desciam o cacete em mim: ‘Ele é insensível às mortes'. Está aí, a consequência aí”, apontou.

Mais cedo, por meio das redes sociais, o mandatário pediu que apoiadores abastecessem seus carros e caminhões, verificassem os impostos na nota fiscal e enviassem a ele o documento. Na mesma publicação, o mandatário alfinetou governadores e criticou a bitributação dos combustíveis: “(Os governadores) Jogam a população contra o governo federal como se fosse o único a arrecadar”, disse.

Horas depois, a apoiadores, o presidente reclamou da política do Facebook, que reduz a exibição de posts relacionados a política no feed de notícias dos usuários. Por conta disso, Bolsonaro relatou que os seguidores não conseguiram enviar as notas requisitadas. Ele alertou que o “futuro está sombrio para o Brasil” e citou o ex-presidente Donald Trump, banido das redes sociais.

“Olha o que acontece, eu estou tratando de combustível, daí eu lanço hoje de manhã para o pessoal, quem puder, obviamente, botar R$ 100 e mandar a nota para mim. Eu não recebo nenhuma nota. O Facebook bloqueou imagens. O futuro está sombrio para o Brasil, pessoal. O homem mais poderoso do mundo foi derrubado lá das mídias sociais dos EUA. Não vou discutir eleição americana, mas, foi bloqueado. Foi censurado. Aqui se faz isso agora”, reclamou.

Ainda sobre o preço dos combustíveis, Bolsonaro relatou que teve acesso a uma nota fiscal de um posto de gasolina do Rio Grande do Norte. Ele criticou a ausência de informações sobre o valor cobrado pelo imposto estadual, o ICMS.

“Eu consegui pegar uma nota fiscal do Rio Grande do Norte, de um posto, né? Pode ser que seja o único. Lá está escrito: imposto federal: R$ x, imposto municipal/ ICMS: R$ 0. Mente na nota fiscal, quem lê, vê a nota fiscal, não entende, né? Muita gente não entende, quando olha fala que só eu que estou cobrando imposto”, alegou.

Plaquinha

O presidente completou que conseguiu coletar as notas pelo WhatsAp e que deseja colocar uma plaquinha nos postos com informações de quem está cobrando mais imposto da população.

"O que esperamos do Brasil? Um caos econômico? É isso? Agora, culpem as pessoas certas. Vai na página dos governadores, pô. Será que eles têm página? Vai lá. A minha, eu respondo alguns. Agora censurado pelo Facebook, você não pode mais botar imagens na minha página. Tem que tirar fotografia. O pessoal do Zap liga para mim e diz: 'tentei botar no Facebook uma fotografia da nota fiscal e não aceita'. Daí mandei levantar de manhã, chegou a resposta: Facebook diz que não vai mais aceitar imagens em páginas políticas. Eu não tô fazendo política, meu Deus do céu. Ou estou fazendo com P maiúsculo", bradou.

Projeto

Como solução para os aumentos dos valores, o presidente repetiu que apresentará hoje o projeto de lei que busca reduzir o peso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no preço dos combustíveis.

"Mandei fazer ontem. Já dei bronca já que era para ter feito ontem o projeto. Diz que faltou um dado, hoje vou apresentar. Eu não quero, nem posso, nem vou interferir no ICMS, mas de acordo com a emenda de 2001, o Confaz vai decidir se o valor cobrado pelos governadores é um valor fixo ou um percentual do preço do combustível na refinaria. E, num segundo tempo, os senhores governadores, junto com suas respectivas assembleias legislativas, vão decidir o valor desse percentual fixo ou o percentual em cima do preço na refinaria", explicou.

Lobby dos combustíveis

Bolsonaro disse que é vítima do lobby bilionário dos combustíveis e voltou a protestar contra o Facebook. "Vocês vão saber quanto um caminhão tanque cobra para levar 10 mil litros de lá para cá. Todo mundo vai querer comprar um caminhão tanque aqui. Parece que está transportando ouro. Vocês vão saber esse valor. E a bronca é não deixar eu revelar esse valor, com lobbys bilionários que é (sic) o do combustível. Onde até o Facebook entra contra essa questão, inventa uma desculpa qualquer, página política. O que é que tem no meu Facebook que eu já pedi voto para alguém? Nada. Eu boto as verdades, as matéria frias que eu chamo, ali brutas, que eu tenho preocupação com as minhas mídias sociais", justificou.

Fuzil na mão

Por fim, o mandatário também falou sobre o preço do gás de cozinha. "É igual o gás de cozinha. Está caro? Está. O pessoal cobra de mim. O preço lá na origem está menos de R$ 40. O imposto federal, se eu não me engano, é R$ 0,16. Então R$ 40 mais R$ 0,16 não justifica chegar a tanto, a 90. São cartéis, cartéis poderosíssimos com dinheiro, com bilhões contra mim. E alguns, que eu fico chateado pela ignorância, aponta, ‘tem que resolver’. Só com um fuzil na mão. Ninguém quer fazer isso daí. Agora, nós vamos chegar lá. Não adianta dar pancada em mim", concluiu.

 

 

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