A pretensão do governador de São Paulo, João Doria, em liderar o PSDB, inclusive assumindo a presidência do partido, em maio, em substituição a Bruno Araújo, causou as primeiras reações que podem aprofundar ainda mais o racha interno. Um grupo de deputados federais deve chegar a Porto Alegre, hoje, para lançar informalmente a pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao Palácio do Planalto, em 2022. O grupo é liderado pelo deputado Lucas Redecker (RS) e a expectativa é de que pelo menos 12 deputados, dos 29 da bancada, cerrem fileiras contra o avanço de Doria.
O governador paulista começa a colher os resultados daquilo que, para muito dentro da legenda, são movimentos precipitados e que podem impedir que ele conte com o apoio integral dos tucanos. Isso porque não apenas não concordam com a ideia de levar o PSDB para uma oposição intransigente ao presidente Jair Bolsonaro, como também não aceitam que Doria substitua Bruno Araújo no comando da legenda, além de não verem com bons olhos a conversa que o governador paulista teve com o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) –– inclusive, convidando-o para se integrar ao ninho tucano. Nas palavras de um veterano do partido, Doria “queimou a largada”.
Para piorar, foi mal-recebida a iniciativa do governador de tentar expulsar o deputado Aécio Neves (MG), no ostracismo desde que vazaram áudios que o relacionam ao recebimento de propina do empresário Joesley Batista, principal executivo do conglomerado alimentício JBS. Assim como o parlamentar classificou a iniciativa de Doria de “destempero” e “arroubo autoritário”, outros na agremiação enxergaram o episódio da mesma forma.
Prorrogação
Por conta disso, um ofício assinado por 26 presidentes de diretórios estaduais do partido pede para que Bruno Araújo permaneça como presidente nacional do PSDB, assim como solicita a prorrogação dos mandatos locais, diante das dificuldades impostas pela pandemia para a realização das convenções. “Nos preocupa muito o início, em breve, do período de realização das convenções para renovação dos mandatos dos dirigentes do partido em todo o país. A impossibilidade de encontros presenciais provocará grande prejuízo à mobilização da nossa militância e, consequentemente, ao exercício da democracia interna”, diz o ofício. E acrescenta:
“Por essa razão, torna-se necessária a prorrogação do mandato do atual diretório e executiva nacional, bem como, após avaliação política e consulta aos órgãos regionais, onde viável, a prorrogação dos mandatos dos diretórios e executivas estaduais, municipais e zonais”.
O líder do PSDB no Senado, senador Izalci Lucas (DF), acredita que é cedo para que os quadros do partido se digladiem. “Esse momento de pandemia não é o momento mais adequado para essas discussões. Não pode ser um debate virtual. A tendência é prorrogar os mandatos (do partido) tendo em vista a dificuldade de fazer as convenções”, avaliou.
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