AMAZÔNIA

Bolsonaro sobre Amazônia: "Nem se pegar o fósforo, o álcool, é difícil pegar fogo"

Presidente já fez comentários semelhantes em outras ocasiões. Ao participar da 2ª Cúpula Presidencial do Pacto de Letícia, que coordena a preservação dos recursos naturais da região Amazônica, no ano passado, ele apontou que "até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, não pega fogo"

Ingrid Soares
postado em 08/02/2021 13:16
 (crédito: AFP / EVARISTO SA)
(crédito: AFP / EVARISTO SA)

O presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta segunda-feira (8/2) que a Amazônia é úmida e que, por isso, não pega fogo. A declaração foi feita a um apoiador na saída do Palácio da Alvorada. O homem relatou ter um programa para mostrar as ações do governo federal no local. O mandatário disparou: "A Amazônia, a bacia amazônica pega fogo? Não pega fogo. Nem se você pegar o fósforo, o álcool, é difícil pegar fogo. É úmida, não pega fogo", apontou.

Em agosto do ano passado, ao participar da 2ª Cúpula Presidencial do Pacto de Letícia, que coordena a preservação dos recursos naturais da região Amazônica, o chefe do Executivo teceu comentário semelhante: "Até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, não pega fogo. Então essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira e nós devemos combater isso com números verdadeiros. É o que estamos fazendo aqui no Brasil", declarou na data.

No mês seguinte, no discurso na 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente reforçou a tese e culpou moradores locais e indígenas por focos de incêndio. "Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas".

Desmatamento

O Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inpe) divulgou no começo do mês que alertas de desmatamento atingiram 216 quilômetros quadrados (km²) em dezembro do ano passado. A área é 14% maior do que a verificada no mesmo mês de 2019 e fecha o ano de 2020 com um total de 8.426 km². Essa é a segunda pior marca anual do sistema de monitoramento Deter, iniciado em 2015.

O índice de 2020 ficou abaixo apenas do recorde histórico de 2019, com 9.178 km2 desmatados. Os dois anos do governo Bolsonaro consolidam o pior cenário de alertas detectado pelo sistema na região amazônica. A média dos três anos anteriores a sua posse (2016 a 2018) foi de 4.845 km². Já nos 24 meses de gestão Bolsonaro, a média anual foi de 8.802 km², um aumento de mais de 81%.

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