Em um longo depoimento prestado, ontem, à Polícia Federal, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tentou justificar a conduta do governo durante a crise que levou os estoques de oxigênio a zerar em Manaus, no começo do mês passado. De acordo com o Ministério da Saúde, o titular da pasta “detalhou todas as ações realizadas e as que estão em andamento no Amazonas para atender a população e combater a covid-19”. O general é alvo de inquérito, após ser acusado de omissão no avanço da doença na capital amazonense. Enquanto o sistema de saúde entrava em colapso no estado, Pazuello, que estava na região, recomendava o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus.
A oitiva ocorreu no Hotel de Trânsito de Oficiais (TCO), no Setor Militar Urbano. As equipes policiais chegaram ao prédio por volta das 14h30 e saíram no começo da noite. Foram mais de cinco horas de depoimento e, de acordo com a CNN Brasil, pelo menos dois documentos usados por Pazuello em sua defesa foram fornecidos pelas Forças Armadas. A informação foi confirmada pelo Correio. Os documentos relatam o envio de 1.174 quilos de oxigênio para o Amazonas em 8 de janeiro. O estoque acabou nos hospitais no dia 14 do mesmo mês. As folhas são assinadas por oficiais das Forças Armadas e mostram o envio e o recebimento da carga.
A investigação corre sob sigilo e foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República. O governo federal também foi avisado com antecedência, pela empresa White Martins, de que os níveis de oxigênio estavam baixos, enquanto a demanda subia. Apurações também ocorrem mirando o governo do Amazonas e o atual e o ex-prefeito de Manaus.
Desde sexta-feira, Pazuello não aparece nem se pronuncia publicamente. Naquele dia, ele participou da cerimônia de recepção dos profissionais selecionados por meio do programa Mais Médicos para reforçar o atendimento dos pacientes da covid-19 no Amazonas. Em seguida, retornou a Brasília.
Alvo do TCU
O ministro da Saúde também enfrenta problemas com o Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou não haver amparo legal no uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para a compra de medicamentos à base de cloroquina voltado ao tratamento da covid-19. Pazuello tem até 10 dias úteis, contados a partir de 22 de janeiro, para dar explicações ao TCU sobre o uso dos medicamentos ineficazes contra a doença.
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