A poucos dias da eleição para a presidência do Senado, marcada para segunda-feira (1º/02), a candidata do MDB, Simone Tebet (MS), corre para evitar dissidências no partido, ante uma investida de aliados de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato adversário. Em reunião com a bancada, nesta quarta-feira (27/01), ela deu uma espécie de ultimato para saber se o partido seguirá unido até a eleição. A parlamentar também demonstrou uma insatisfação com o comportamento do atual presidente do Senado (DEM-AP), Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tem atuado nos bastidores para atrair apoios para Pacheco.
Apontado como favorito na disputa, o candidato do DEM conta também com o aval do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de partidos de oposição, como o PT e o PDT. Mesmo com o favoritismo, Alcolumbre tem aprofundado os contatos com senadores emedebistas.
Na noite de terça-feira (26/01), segundo um senador com acesso às articulações, o presidente do Senado fez uma investida junto a Eduardo Braga (MDB-AM) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líderes, respectivamente, do partido e do governo no Senado.
Conforme essa mesma fonte descreveu ao Correio, Braga e Bezerra estavam reunidos quando Alcolumbre os procurou, e a conversa incluiu a oferta de espaços importantes, como a vice-presidência do Senado e a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), atualmente comandada por Simone Tebet.
"Essa oferta não faz qualquer sentido para o MDB, porque, tradicionalmente, o MDB comanda a CCJ", disse o parlamentar ao Correio, acrescentando que os dois senadores relataram a Tebet a conversa que tiveram com Alcolumbre.
A preocupação de Simone Tebet com possíveis dissidências no MDB ocorre no momento em que Rodrigo Pacheco vem confirmando seu favoritismo. Nesta semana, ele recebeu o apoio de Fabiano Contarato (Rede-ES), que se antecipou ao partido e anunciou publicamente sua decisão. Além de Contarato, outro senador da Rede é Randolfe Rodrigues (AP), que, nesta quarta-feira, disse a jornalistas que ainda não fez uma opção entre os dois candidatos.
Mapa partidário
Pacheco tem, até o momento, o apoio de nove partidos: DEM (cinco senadores), PSD (11), PP (7), PT (6), PDT (3), Pros (3), PL (3), Republicanos (2) e PSC (1). Com a adesão de Contarato, são 42 no total. Para a vitória na eleição são necessários 41 votos, entre os 81 senadores.
Teber, por sua vez, conta com o apoio do MDB (15 senadores), Podemos (7 dos 9 da bancada), PSDB (7), PSL (2), PSB (1). Ao todo, são 32 votos.
Davi Alcolumbre trabalha pela eleição de Rodrigo Pacheco em coordenação com o presidente Bolsonaro, que tem atuado pessoalmente na tentativa de emplacar aliados nos comandos das duas Casas do Congresso. Além de Pacheco no Senado, o chefe do Executivo apoia o deputado Arthur Lira (PP-AL) na Câmara. Apontado como favorito, Lira tem como principal adversário Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Os resultados das eleições serão decisivos para o futuro político de Bolsonaro. O presidente enfrenta dezenas de pedidos de impeachment na Câmara e necessita de uma estrutura partidária para aprovar projetos de interesse do governo e também para chegar com fôlego à campanha pela reeleição em 2022.