O deputado federal Professor Israel (PV-DF) defendeu, ontem, que há motivos jurídicos concretos para a abertura do processo de impeachment de Jair Bolsonaro e que isso será suficiente para causar um crescimento do movimento pelo impedimento junto à sociedade. Em entrevista à jornalista Denise Rothenburg no programa CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília ––, ele disse que caso o deputado Arthur Lira (PP-AL) vença Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela Presidência da Câmara, seriam remotas as chances de ele acatar e fazer andar algum dos pedidos de impeachment de Bolsonaro.
“Acredito que simplesmente arquivaria esses pedidos de impeachment. Lira é um deputado que tem muitas relações no Congresso Nacional e negocia a sua eleição apoiado pela máquina da Presidência da República e dos ministérios. Ele tem negociado cargos, está comprometido com o governo. E quem se compromete com esse governo, se compromete com o erro”, definiu Israel.
“Instalou-se, no Brasil, o governo do absurdo. Bolsonaro, além de todos os seus erros na condução da pandemia, é o único chefe de Estado a dizer que as eleições nos Estados Unidos foram fraudadas e os impactos disso já são sentidos”, analisou Israel, salientando o isolamento do país e as dificuldades de negociação com a China para a chegada de vacinas e insumos para a produção de imunizantes.
Segundo o parlamentar, a insatisfação crescente –– manifestada pelos panelaços que vêm acontecendo e as carreatas a favor do impeachment –– vai se fazer presente na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, no dia 1º de fevereiro. “Nós não queremos que essa eleição seja contaminada por um tema que precisa ser analisado com muito cuidado, mas é claro que precisamos dizer ao Palácio do Planalto que o Congresso está vigilante. O Legislativo ainda está cauteloso quanto a uma posição sobre o impeachment”, salientou.
Israel admite que a retirada de um presidente do poder pelo impedimento é um processo doloroso, sobretudo porque seria o terceiro do Brasil, e que haveria reflexos sobre a estabilidade das instituições do país. Mas a quantidade de erros que Bolsonaro e seus ministros vêm cometendo, sobretudo quando se vive uma pandemia, justificaria uma solução radical.
“A sucessão de erros tem levado à conclusão de que, talvez, o pior dos problemas seja a manutenção de um governo temerário, que insiste nos erros e se recusa ao aprendizado. Estamos no terceiro ano do mandato de Bolsonaro e ele ainda age de maneira infantil. As declarações do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mostram que o governo se cercou de bajuladores que não possuem coragem de apresentar soluções técnicas ao presidente, porque temem uma reação tirânica dele”, explicou.
* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi