O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra inquérito para apurar a conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello diante do colapso da saúde em Manaus. Na semana passada, a cidade registrou escassez de oxigênio e atualmente enfrenta dificuldades para alocar pacientes em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No pedido enviado ao Supremo, Aras quer que o ministro Pazuello seja ouvido e que os autos sejam encaminhados à Polícia Federal, que deve investigar o caso. A decisão de Aras atende denúncia enviada a Procuradoria-Geral da República por partidos políticos. Eles acusam o ministro da Saúde e os auxiliares de se omitirem frente a crise na capital amazonense. Os autores do pedido alegam que Pazuello orientou a população a fazer uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a covid-19, e de não agir para evitar mortes.
De acordo com as acusações, o governo federal teria sido avisado com semanas de antecedência, pela empresa White Martins - que fornece o oxigênio para hospitais de Manaus, que os estoques do gás estavam acabando, frente a demanda crescente em razão do grande número de internações de pessoas infectadas por covid-19 na cidade. Anteriormente, Aras já havia solicitado investigação contra o governador do Amazonas, Wilson Lima e do atual e do ex-prefeito de Manaus.
O Ministério da Saúde afirma que só foi informado sobre a falta de oxigênio em 8 de janeiro, mas que já havia um alerta desde o final de dezembro. No entanto, a entrega do oxigênio pelo governo federal só começou no dia 12. De acordo com a PGR, "após analisar as informações, apresentadas em ofício de quase 200 páginas, e atento à situação calamitosa de Manaus, o procurador-geral considerou necessária a abertura de inquérito para investigar os fatos".
Augusto Aras foi criticado por colegas e acusado de se omitir por eventuais crimes do ministro da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus e da situação de Manaus. Ele é alvo de um pedido de senadores para que responda a um processo administrativo no Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF). A investigação solicitada pelo chefe do Ministério Público não envolve Bolsonaro.