O vice-presidente Hamilton Mourão disse, nesta quarta-feira (20/1), que não vê motivos para a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, mas defendeu que o mandatário precisará ser "parado" caso coloque o Brasil em risco.
"É óbvio que se um presidente colocar em risco a integridade do território, a integridade do patrimônio, o sistema democrático e a paz social do país, ele tem que ser parado pelo sistema de freios existente", opinou o general, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Mourão reconheceu que Bolsonaro cometeu erros desde que assumiu o Palácio do Planalto, em 2019, mas que nenhum deles justifica os cerca de 70 pedidos de afastamento do presidente que já foram apresentados ao Congresso Nacional.
"Se você botar numa coluna do nosso governo, você vai ver que teve mais acertos do que erros. Teve erros, que são sobejamente conhecidos. Mas vamos olhar, por que vamos fazer o impeachment? Vai chegar daqui ao ano que vem. E, se o governo dele não for bom, ele não será reeleito, caso seja candidato à reeleição", ponderou o vice-presidente.
Defesa a Bolsonaro
Durante a entrevista, Mourão comentou que Bolsonaro não pode ser responsabilizado pelos números expressivos da covid-19 no país — 8.573.864 infectados e 211.491 mortos — e nem pelo estado crítico do Amazonas, que viu o sistema de saúde entrar em colapso nas últimas semanas por conta da pandemia, sobretudo com desabastecimento de oxigênio medicinal.
"Ele não foi o responsável pelas pessoas saírem para a rua. Aí tem uma responsabilidade compartilhada entre todas as esferas de governo. Nenhum dos nossos governadores e prefeitos conseguiu implementar um lockdown para valer. Até porque no Brasil esse troço não dá. O Brasil é um país muito grande, muito desigual. Não é a França ou a Espanha, que você dá um grito em Madri e todo mundo ouve. Na China, o cara bota a força armada na rua, cerca, derruba a internet. É diferente daqui", opinou.
Na avaliação do general, as eleições municipais do ano passado e as festas de fim de ano contribuíram para que o Brasil entrasse em uma segunda onda da crise sanitária, o que ele definiu como "repique".
"O repique aconteceu porque nós tivemos um processo eleitoral em que todo mundo se atirou numa campanha. E, depois, numa questão de festas de fim de ano onde todo mundo lavou as mãos e jogou a toalha nisso aí. Ou não lavou as mãos. Infelizmente aconteceu isso aí e compete ao Estado em todos os níveis buscar uma solução".