O presidente Jair Bolsonaro ironizou a vacinação contra a covid-19 nesta terça-feira (19/1). A uma criança que o questionou sobre como ele se sentia ao ver apoiadores o aguardando na porta do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo respondeu: “É o lado bom, né. A gente recebe uma injeção de ânimo. Aí, injeção de ânimo, deixar bem claro”, riu o presidente.
Apesar da aprovação emergencial aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o mandatário voltou a colocar em dúvida a eficácia do imunizante CoronaVac. O chefe do Executivo disse que "se jogar uma moedinha para cima é 50% de eficácia", e que a vacina "é para quem não pegou covid-19 ainda". “No que depender de mim, não será obrigatória. É uma vacina emergencial, 50% de eficácia, algo que ninguém sabe ainda se teremos efeitos colaterais ou não”, disparou.
O presidente também defendeu na data o tratamento precoce contra a covid-19, com o uso de vermífugos e anti-parasitários como ivermectina, hidroxicloroquina e nitazoxanida. Tais medicamentos, no entanto, não possuem eficácia comprovada contra o novo coronavírus.
Mesmo sem comprovação de tempo de duração de imunidade contra o vírus, o chefe do Executivo já avisou que não tomará a vacina porque já está "imunizado". Apesar disso, após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), dar início à vacinação no estado no final de semana, se antecipando ao governo federal, Bolsonaro afirmou que a CoronaVac, é “vacina do Brasil” e “não de nenhum governador". A crítica foi uma indireta ao tucano, seu principal opositor político.
Enem
O mandatário comentou novamente sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dessa vez, disse que a prova “melhorou” em relação aos anos anteriores. “Este ano, melhorou a prova do Enem. Lá tem um banco de dados. A gente não pode fugir deles, vai mudando devagar. Lembra dos temas de pouco tempos atrás ali? cada tema aí, pelo amor de Deus”, disse.
Na segunda-feira (18), ele questionou a questão da prova que comparava a desigualdade salarial entre os jogadores de futebol Marta Vieira da Silva e Neymar Junior. “Você vê as provas do Enem, o banco de questões do Enem não é do meu governo, é de governos anteriores. Tem questões ridículas ainda, tratando do assunto, comparando mulher jogando futebol e homem: "Porque que a Martha ganha menos que o Neymar?”
Bolsonaro defendeu que os pagamentos não devem ser comparados, uma vez que o futebol feminino "não é uma realidade no Brasil". Ele alegou que a diferença salarial se deve à iniciativa privada e não ao machismo.
“Não tem que ter comparação. Futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil. O que o Neymar ganha por ano, todos os times de futebol juntos não faturam por ano. Como é que vai pagar para Marta o mesmo salário? Isso chama-se iniciativa privada. É ela que faz o salário, que mostra para onde o mercado deve ir. Então, (o Enem) faz questões absurdas sempre pregando igualdade, mas por baixo”, disse a apoiadores.
Excelente presidente
Por fim, Bolsonaro reclamou das críticas que vem recebendo em meio à pandemia e ao caos, principalmente em Manaus, com mortes de pacientes por falta de oxigênio. Ele relatou que há "um monte de gente" pedindo a volta do PT, sem citar diretamente a sigla.
“Não vou dizer que eu sou um excelente presidente mas tem um monte de gente querendo voltar ao que era, aos [governos] anteriores, já reparou? É impressionante, ficou com saudades de uma…”, disse sem concluir a frase.