O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira (19/1) que a democracia fica comprometida se as Forças Armadas forem "indisciplinadas" ou comprometidas com "projetos ideológicos". Ele citou a Venezuela como exemplo. A declaração foi feita a jornalistas no Palácio do Planalto e ocorre um dia após fala do presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto. O general disse ainda que a corporação não possui viés político.
“O presidente já tocou neste assunto várias vezes. É óbvio que se você tiver as Forças Armadas indisciplinadas ou comprometidas com projetos ideológicos, a democracia fica comprometida. Não é o caso aqui no Brasil, obviamente. Mas nós temos nosso vizinho, a Venezuela, que vive uma situação dessas aí. As Forças Armadas são totalmente despolitizadas. Não estão comprometidas com nenhum projeto ideológico. As Forças Armadas estão comprometidas com a missão delas. Já foi dito isso, várias vezes, pelo ministro da Defesa e pelos comandantes de Força", apontou.
Sobre o ministro da Saúde e também general, Eduardo Pazuello, Mourão afirmou que as críticas que ele vem recebendo frente à pasta não mancham a imagem militar. O vice-presidente defendeu ainda que Pazuello tem procurado 'as melhores soluções para a crise da pandemia'.
"Apesar de o ministro ser um oficial general da ativa, independentemente do cara estar na ativa ou na reserva, qualquer militar sempre é visto como representante das forças, e a situação do ministro Pazuello, como ministro da saúde, ele vem procurando as melhores soluções para essa crise da pandemia. E, aí, tem pontos a favor e contra a gestão dele", observou.
Na segunda, Bolsonaro disse que “quem decide se um povo vai viver democracia ou ditadura são as Forças Armadas”. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
"Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam", apontou.
Porém, o mandatário disse que “tudo pode mudar” caso a população não reconheça o valor dos militares."No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imagine o Haddad no meu lugar. Como estariam as Forças Armadas com o Haddad em meu lugar?", questionou citando Fernando Haddad (PT), ex-candidato à presidência da República em 2018.
Atraso na vacinação
Mourão defendeu que não ocorreu atraso no cronograma de vacinação nos estados. "Vamos lembrar o que o ministro já tinha falado, há algumas semanas, que a partir do momento que a vacina fosse aprovada, se levaria de dois a três dias para que ela tivesse colocada em todos os pontos do Brasil. E ficou aquela expectativa de que da noite para o dia iria chegar no Acre e no Rio Grande do Sul ao mesmo momento", concluiu.