A cisão do PSL da Câmara em um grupo bolsonarista e outro fiel à legenda recrudesceu com a proximidade das eleições para a presidência da Casa. O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro nas eleições parlamentares, fechou acordo com 32 dos 53 pesselistas. Essa ala que constituiu maioria na legenda em apoio a Lira tem 18 integrantes em um processo de expulsão e respondendo a acusações de infidelidade partidária.
A assessoria de imprensa do candidato de Bolsonaro divulgou uma nota informando que “Lira acaba de oficializar no sistema da Câmara dos Deputados parte do bloco de apoio à sua candidatura, com a adesão de última hora do PSL e com a assinatura de 32 dos 52 deputados”. “Até a próxima semana, novos partidos serão oficializados”, encerra o texto (o número de integrantes da publicação difere do registrado no site da Câmara).
O racha na bancada aconteceu em 8 de outubro, quando o presidente da República, então filiado à legenda, disse a um apoiador que esquecesse a agremiação. Desde então, a ala favorável ao presidente conseguiu, inclusive, assumir a liderança dos parlamentares por duas vezes, o que resultou em um cabo de guerra judicial e um processo administrativo contra os dissidentes. A agremiação quer que eles respondam por infidelidade partidária.
Fake news
No cargo de 2º vice-presidente do PSL, o deputado Júnior Bozzella (SP) criticou o texto, e integrantes da ala fiel à legenda chamaram a divulgação de “fake news”. “Não tem lógica. A adesão do bloco é em 1o de fevereiro. Estou representando contra cada um dos deputados do PSL que são reincidentes, estão suspensos por causa dos atos de infidelidade partidária. Estou pedindo a expulsão deles. Não terão representatividade. Não terão poder nesse processo”, criticou.
O PSL compõe um bloco parlamentar com PTB e Pros somando 54 parlamentares. O grupo é liderado por Felipe Francischini (PSL-PR), que também é líder da legenda. De acordo com Bozzella, o partido está fechado com Baleia Rossi (MDB-SP), candidato indicado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “O PSL vai apoiar o Baleia. Está definido. Aderimos ao bloco publicamente, e vamos aderir oficialmente. s deputados que estão se posicionando são os reincidentes, suspensos, e serão expulsos”, disparou.
Também por meio de nota, o PSL reiterou o apoio ao MDBista. “A lista apresentada pelo major Vitor Hugo (GO) de apoio à candidatura de Artur Lira (PP) carece de legalidade e fundamento regimental. O deputado Vitor Hugo está suspenso de suas atividades partidárias, bem como outros 16 deputados. Essa ação, portanto, não tem nenhum sentido legal. A intenção é, apenas, conturbar o cenário político. O PSL está fechado com o bloco que sustenta a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB) à presidência da Câmara e assim permanecerá até o fim”, afirma a publicação.
Da ala fiel ao presidente da República, o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) ironizou a postura de Bozzella. “Minha adesão não é de última hora, mas de primeira hora. Estou desde início fechado com ele. O presidente do partido (deputado Luciano Bivar-PE) apoia o Baleia. Só que somos mais de 30 deputados que apoiamos o Lira. A maioria apoia o Lira. Cada deputado tem seu voto”, argumentou.
Bibo destacou que, mesmo suspenso, tem direito ao voto, assim como os colegas bolsonaristas, e acusou Baleia do grupo dos parlamentares de centro da Câmara, de pertencer à esquerda. “Somos rebeldes. Eu sou suspenso do PSL. O mais suspenso na Câmara e no Congresso, mas meu voto é meu e o partido não influencia. Eu quero que me expulsem. Estou em briga no TSE há mais de um ano. Que infidelidade partidária é essa que querem que eu vote com a extrema esquerda? O PSL que eu entrei era contra a extrema esquerda”, disparou.