Como forma de reafirmar o protagonismo de São Paulo nas tratativas junto à China para o desenvolvimento da vacina CoronaVac, o governador João Doria (PSDB) levou o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, para participar, nesta terça-feira (26/1), da coletiva de anúncio da liberação de mais 5,4 mil litros de matéria-prima do imunizante para finalização da produção pelo Instituto Butantan, responsável pela vacina junto com a Sinovac. Doria também voltou a reivindicar o protagonismo do estado nos trâmites e rebateu a participação do governo federal no processo.
"Todo relacionamento cultivado com a China, com a Sinovac, quanto às liberações [das vacinas] sempre foi conduzido pelo governo do estado de São Paulo e pelo Instituto Butantan. Nunca houve, volto a repetir, nenhuma interferência, nenhuma relação, principalmente para ajudar [por parte] do governo federal", afirmou Doria, reforçando a nota do governo local, divulgada um dia antes, rebatendo o protagonismo do Planalto.
Ao mesmo tempo em que alegou que o embate não se trata de uma tentativa de politizar o tema, Doria frisou: "Apesar de todas as manifestações contrárias do governo federal, todas as manifestações desairosas do presidente da República e de seus filhos em relação à China, conseguimos trazer a vacina chinesa. Ou, como gosta de dizer o presidente, a 'vachina' ou a 'vacina do Doria'".
O governador ainda destacou que, atualmente, a maioria das doses disponíveis ao Programa Nacional de Imunização (PNI) é da CoronaVac. "Cuidamos bem e, por isso, as vacinas chegaram ao Brasil e chegaram bem".
Doria aproveitou para cobrar o governo federal, reforçando o investimento do estado. "Todo investimento, desde maio até agora, foi suportado pelo governo de São Paulo e pelo Instituto Butantan. Até o presente momento, nós não recebemos um único centavo do Ministério da Saúde", expôs, completando que acredita no compromisso firmado.
Autonomia
Apesar da espera pelo pagamento, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, ressaltou que não dependia do governo federal para assumir a responsabilidade de desenvolver a CoronaVac junto à Sinovac. "O Butantan fará a produção também de doses para Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru. Portanto, esse contrato com o ministério, assinado há duas semanas, não foi determinante nessa trajetória. Graças ao bom Deus que houve assinatura e que as vacinas estão sendo usadas", disse.
Apesar de estar prevista a produção inteiramente nacional e independente da CoronaVac no Brasil, essa autonomia só deve começar a ocorrer em 2022. A fábrica que terá capacidade de produzir 100 milhões de doses anuais ainda está em construção, com previsão de entrega em outubro. "Esperamos colocar essa fábrica em operação, já certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no início do próximo ano", previu Covas.
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