A ideologia se tornou a principal motivação do governo, que abriu mão de fazer política pública. Esse é o diagnóstico do deputado federal professor Israel (PV-DF), em entrevista ao CB.Poder desta segunda-feira (25/1) — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Segundo ele, o Brasil está isolado nas relações internacionais devido ao que chama de “governo do absurdo”, conduzido pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Jair Bolsonaro, além de todos os seus erros na condução da pandemia, é o único chefe de Estado a dizer que as eleições nos Estados Unidos foram fraudadas, e já podemos sentir o impacto disso. Joe Biden, presidente americano, já anunciou que não tem intenção de ligar para o presidente brasileiro nos próximos meses, e que o Brasil está no fim da fila nas prioridades dos EUA”, aponta Israel.
Além do isolamento diante dos Estados Unidos, o deputado cita o isolamento em relação à União Europeia, devido às questões ambientais, assim como o distanciamento do governo chinês e, também, do governo indiano.
O parlamentar também critica o posicionamento do presidente em relação ao sistema de voto eletrônico do Brasil. “O presidente Jair Bolsonaro, ao alegar que houve fraudes na eleição de 2018, está criando uma narrativa para não aceitar o resultado negativo da eleição de 2022”.
Professor Israel defende a candidatura do deputado Baleia Rossi à presidência da Câmara. “Se prestarmos atenção, nos últimos dois anos, foi o Congresso que colocou o cabresto para que o governo não exagerasse em medidas que não têm embasamento nenhum. O Congresso Nacional exerceu com veemência o seu papel de freio democrático ao ímpeto da Presidência da República”, analisa.
Impeachment
O deputado do Partido Verde disse que espera que a eleição à Câmara dos Deputados não seja “contaminada” pelo tema do impeachment, “mas o Palácio do Planalto precisa saber que o Congresso está vigilante, e o deputado Baleia Rossi anunciou que cumpriria seu papel constitucional de analisar tecnicamente os pedidos de impeachment”.
Para Israel, há motivos para a abertura do processo e isso será suficiente para causar um crescimento do movimento pró-impeachment na sociedade. “Até agora, o presidente se garantiu porque tem uma muralha de proteção de parte da sociedade brasileira que mantém o seu apoio. Mas vale ressaltar que com dois anos de mandato, ele tem 40% de reprovação. Nesse mesmo período, (os ex-presidentes) Fernando Henrique tinha 13%, Dilma Rousseff tinha 7% e Lula, 17%. A proteção de Jair Bolsonaro se equilibra em uma corda bamba que se mantém por conta da polarização constante e da base de apoiadores radicais e ruidosa que possui”, opina.
Segundo a análise do deputado, Bolsonaro está focado apenas na reeleição em 2022. “As pautas que o governo defende são extravagantes, como, por exemplo, retirar o comando da Polícia Militar dos governadores. Ou seja, uma tentativa de formulação de uma polícia política no Brasil, e o impacto disso pode ser muito perigoso”, alerta.
"Script antecipado"
O professor ressalta também que o ex-presidente Donald Trump não obteve sucesso no que chamou de tentativa de golpe nos Estados Unidos pelo fato de não ter apoio das classes armadas e das polícias.
“Recebemos dos Estados Unidos um script antecipado do que pode ocorrer no Brasil. Por isso, essa eleição para a presidência da Câmara não deve ser norteada por aspectos pessoais e, sim, pela importância de uma Câmara altiva e independente”.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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