Já na reta final da corrida pela Presidência do Senado, os dois principais candidatos, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS), vão focar suas agendas — até 1º de fevereiro, data da eleição — em reuniões com bancadas partidárias, no intuito de evitar dissidências em seus grupos. O pleito para a Mesa Diretora da Casa está embolada e, apesar do otimismo, nenhum dos lados crava quem vai sair vitorioso.
Pacheco, que lançou a campanha antes da adversária, conta com um bloco maior. Além do DEM, o senador é chancelado por PSD, PP, PL, Pros, PSC, PDT, PT e Republicanos. Ele tem como cabos eleitorais o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente Jair Bolsonaro. Pelos cálculos dos aliados, o parlamentar já teria 42 votos, suficientes para se eleger (o mínimo são 41).
“Pacheco conseguiu construir boas alianças neste período de campanha. Além do mais, teve o apoio do presidente Davi, do qual eu tenho proximidade e sei que fez uma boa escolha para sua sucessão”, defende o senador Elmano Férrer (PP-PI).
Mesmo apoiado pelo Palácio do Planalto, Pacheco conseguiu atrair a bancada do PT, que tem seis senadores. Para Humberto Costa (PT-PE), a relação com o chefe do Executivo não foi determinante para a escolha do partido. “Pacheco nos garantiu que seguirá com uma postura independente, mesmo tendo a simpatia do governo Bolsonaro. Nosso compromisso é manter o Senado como uma Casa e um poder autônomo”, defende o parlamentar petista.
Apesar de seus partidos estarem no bloco do político mineiro, alguns senadores tendem a escolher Simone Tebet. A votação é secreta, portanto “traições” não podem ser controladas pelas legendas. É justamente nessas possíveis reviravoltas que a campanha da emedebista tem apostado as articulações.
Por isso, Tebet sustenta o discurso anti-Bolsonaro para ganhar votos na Casa. A intenção, nos próximos dias, é pregar a imagem de governista no adversário. Recentemente, a candidata divulgou notas com diversas críticas ao comandante do Planalto, entre as quais, que ele perdeu a guerra das vacinas, teve “arroubos autoritários e machistas” e que os candidatos do MDB às Presidências do Senado e da Câmara (Baleia Rossi, de São Paulo) ganham votos a “cada vez que ele abre a boca”. Na outra Casa, Rossi rivaliza com Arthur Lira (PP-AL), respaldado pelo Planalto.
Além do MDB, Tebet é apoiada por Podemos, Cidadania e PSB — juntos, somam 28 senadores. Ela tenta atrair Rede e PSL, que contam com dois parlamentares, cada um, além do PSDB. Na cúpula do partido da senadora, dono da maior bancada da Casa, com 15 integrantes, a avaliação é que a candidatura dela tende a ganhar musculatura nesta reta final.
Com o objetivo de tentar evitar dissidências, Tebet reuniu diversos núcleos do MDB para reforçar sua candidatura. A ideia é que os integrantes da legenda pressionem os parlamentares de suas bases.
Presidente do MDB Afro, Nestor Neto afirma que a senadora resistiu às disputas internas, justamente por obter o apoio de outras bancadas. “A candidatura de Tebet é de todos, por ela conseguir dialogar com todos os segmentos, seja do partido, seja da sociedade civil”, diz.
Questionado sobre o fato de o Planalto não ter dado apoio aos dois senadores do MDB que são líderes do governo, Nestor destaca que Bolsonaro optou por uma candidatura que fosse “capacho” de suas escolhas. Eduardo Gomes (TO) é líder do governo no Congresso e Fernando Bezerra (PE), no Senado. Ambos disputavam com Tebet o direito de concorrer ao comando do Senado pelo partido.
“Os dois líderes se colocaram como candidatos e poderiam promover um diálogo entre o Planalto e o Congresso. O governo não quis os nomes que tivessem altivez e pudesse dialogar, ele quis o candidato que fosse capacho dos interesses dele”, ressalta o presidente do MDB Afro.
Líder do Podemos, o senador Álvaro Dias (PR) acredita que, vencidas as crises internas no MDB, Tebet terá condições de superar a desvantagem em relação ao adversário. “Conseguindo todos os votos do seu partido, ela pode ganhar a eleição”, crava.
Independente
O senador Major Olimpio (SP), líder do PSL na Casa, enfatiza que se mantém na disputa pelo cargo, mesmo sem o aceno de outros partidos. Além dele, o PSL conta com a senadora Soraya Thronicke (MS).
Segundo Olimpio, as dissidências nos blocos de Pacheco e Tebet podem favorecê-lo. O parlamentar paulista acredita ser uma opção para os descontentes com os outros dois concorrentes. “Continuo candidato. Até porque, o que estou vendo são dissidências dos partidos, com vários senadores que não querem votar nos dois candidatos. Passo a ter chance de ser o voto dos descontentes”, confia.
Mesmo sendo amigo dos demais postulantes, Olimpio diz não aprovar os nomes para o comando da Casa. “Simone e Pacheco são amigos e os respeito muito, mas não concordo com o que as candidaturas deles representam. Acho que não representam a necessidade real para o Senado ser o que a população quer”, frisa. O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) é o outro que se colocou na corrida pela Presidência.
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