O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (19/12) que o ministro da Economia, Paulo Guedes, às vezes fica "chateado", mas já afirmou ao presidente que sai do cargo só ao fim do mandato. As informações foram ditas em uma entrevista concedida ao próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e divulgada no canal do Youtube do parlamentar.
Questionado se em algum momento o ministro Paulo Guedes esteve prestes a sair do governo, respondeu: “Não demonstrou para mim (vontade de sair do governo). Lógico que a gente vê que, de vez em quando, ele fica irritado porque certas medidas dependem de votações. E eu sei como funciona o Parlamento. Ele está aprendendo ainda. Então, ele quer resolver e fica chateado. Agora, no tocante a sair (do governo), ele falou que vai sair comigo quando acabar meu mandato”.
Nesta semana, o ministro teve que desmentir o próprio presidente, depois que ele acusou Maia de ter segurado a votação da medida provisória que autorizava o pagamento da parcela extra.
“Você está reclamando do 13º do Bolsa Família que não teve. Foi promessa minha? Foi. Foi pago ano passado? Foi. Mas o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara”, afirmou em sua tradicional transmissão ao vivo na última quinta-feira (17).
Em resposta, Maia chegou a pautar para votação da MP 1.000/2020, que prorroga o auxílio emergencial até este mês, na qual seria incluído no texto o pagamento do 13º, mas depois recuou com as resposta de Guedes e do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), que tiraram qualquer culpa do presidente da Câmara.
Ao apresentar o balanço de 2020 do Ministério da Economia, Guedes afirmou que recomendou o não pagamento da parcela extra do benefício para evitar que o governo federal cometesse um crime de responsabilidade fiscal - que pode gerar um processo de impeachment do presidente da República.
“Eu desejaria dar o 13º salário do Bolsa Família, mas é um descumprimento da lei. Eu desejaria desonerar a folha, mas não posso fazer isso, é um crime de responsabilidade fiscal. (...) Eu sou obrigado, contra a minha vontade, a recomendar que não pode ser dado o 13º salário. É lamentável, mas você tem que olhar... Ou comete crime de responsabilidade e fica submetido a um impeachment ou... Desejaríamos dar o 13º do Bolsa Família, mas é um descumprimento da lei”, afirmou.
O ministro tem se mostrado insatisfeito com o fato de não conseguir dar andamento às pautas econômicas da forma como gostaria. Na última sexta-feira (18/12), ele reconheceu os atrasos na agenda econômica, afirmou que não é um “superministro” e que não irá prometer mais nada, ao falar sobre privatizações - neste ano, ele prometeu por diversas vezes a privatização, por exemplo, dos Correios.
"Falei: 'Em 15 semanas vamos mudar o Brasil'. Não mudou nada, teve a pandemia. Agora a mesma coisa. 'Vamos anunciar em 90 dias as privatizações'. Aí descubro que tem um acordo político para inviabilizar e não pautar. Aí a conta vem de novo, 'ele não entrega'. Então estou aprendendo. Resultado. Agora acabou, não prometo mais nada", disse.