Depois de ter sido apontado pelo presidente Jair Bolsonaro como o culpado pela parcela do 13º para o Bolsa Família não ter sido votada pelo Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), incluiu na pauta de votações desta sexta-feira (18/12) a Medida Provisória que prorrogou o pagamento do auxílio emergencial. Nos bastidores, a inclusão na pauta foi entendida como retaliação ao Palácio do Planalto.
A votação da MP 1000/2020 era uma demanda antiga dos partidos da oposição, que pretendiam reajustar o valor do auxílio emergencial. Além de prorrogar o benefício, o texto da proposta reduziu o valor de R$ 600 para R$ 300. No entanto, havia um acordo para que a proposta não fosse pautada, justamente porque havia o temor do governo de que os partidos de esquerda mexeriam na proposta original.
Em sua live desta quinta-feira (17), Bolsonaro transferiu a Maia a responsabilidade por beneficiários do Bolsa Família não receberem uma 13ª parcela do programa neste ano. Em março, Maia segurou, a pedido do governo, a MP que criava um 13º para o programa social. Bolsonaro mandou a proposta com o pagamento apenas em 2019 e o governo se opôs a torná-lo permanente, apesar de ser uma promessa de campanha do presidente, por causa do custo fiscal.
Maia se irritou com essa declaração, chamou Bolsonaro de mentiroso e disse que não pautou a MP do Bolsa Família a pedido do governo, mas que, então, pautaria a MP do auxílio emergencial, que também estava travada a pedido do Executivo. O item aparece como primeiro item da pauta desta sexta.
Aceno à esquerda
Além de retaliar o governo Bolsonaro, a inclusão da MP do auxílio emergencial na pauta de votações foi entendida como um aceno de Rodrigo Maia à esquerda. O democrata tenta uma aliança com esses partidos para eleger seu sucessor na disputa pela presidência da Câmara. Partidos como PT, PSB, PCdoB e PDT se recusaram a apoiar o deputado Arthur Lira (PP-AL) na disputa por ele ter o apoio do Palácio do Planalto.
Para evitar uma derrota do governo, o Centrão apresentou um requerimento de obstrução, no intuito de esvaziar a sessão da Casa. O bloco é formado por PP, PL, PSD, Solidariedade e Avante. Algumas emendas preveem prorrogar o benefício para 2021, e essas bancadas temem o desgaste de terem que votar contra a proposta.