O MDB pretende lançar candidatura própria para as eleições da Presidência do Senado, que, em fevereiro de 2021, escolherá o sucessor do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), também presidente do Congresso Nacional. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (16/12), após reunião da bancada do partido na Casa.
A decisão foi unânime e "reflete a postura de ponderação e diálogo que tem pontuado a atuação da legenda", informou a nota divulgada pela liderança do MDB. Quatro nomes estão sendo cogitados internamente para a candidatura do MDB para a Presidência do Senado: o líder da bancada, Eduardo Braga (AM); o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (TO); o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (PE); e a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet (MS).
O combinado é que cada um passe a conversar com as lideranças de outros partidos em torno da candidatura para atrair votos. Quem conseguir atrair 41 dos 81 senadores até janeiro será o candidato da sigla para a eleição de fevereiro.
O partido, dono da maior bancada no Senado, com 13 parlamentares, quer recuperar a tradição regimental para ocupar principal cadeira da Casa, respeitando a regra da proporcionalidade. Tradicionalmente, o maior partido costuma eleger o presidente do Senado e tem a presidência da CCJ, principal comissão da Casa. Contudo, no ano passado, devido ao racha interno na legenda, houve várias candidaturas.
Com isso, a divisão no MDB, acabou abrindo caminho para a eleição do candidato do governo recém-eleito, no caso, o Davi Alcolumbre, que teve como principal cabo eleitoral o ex-ministro da Casa Civil e ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, que foi eleito deputado do DEM pelo Rio Grande do Sul.
O senador alagoano Renan Calheiros, um dos caciques do partido, abriu mão da candidatura. No ano passado, ele e Simone Tebet, com candidatura avulsa, disputaram o apoio dos senadores.
De acordo com a senadora, a sigla se mobilizou após a sinalização do presidente do Senado e do governo defenderem uma candidatura de um parlamentar de uma legenda que não tem a maioria na Casa. Por conta disso, vai defender o princípio da proporcionalidade, porque há muita coisa em jogo no ano que vem e o Senado precisa manter a independência em relação aos demais Poderes.
"O Senado não pode ser um apêndice do governo federal. E essa percepção fez com que alguns líderes passassem a rever o posicionamento se o Senado começar a ser uma Casa facilmente manipulada e controlada pelo Executivo", afirmou Simone, em entrevista a jornalistas, anunciando a sua candidatura interna. “Não ter proporcionalidade, significa transformar o Senado em balcão de negócios. Isso não é saudável para a democracia”, reforçou.
Duas grandes forças
Na avaliação da parlamentar, existem duas forças dentro do Senado, o MDB, por ser a maior legenda; e o presidente do Senado, que é um importante cabo eleitoral. Alcolumbre pretende lançar um candidato paralelo, o democrata Rodrigo Pacheco (RO) e não iniciou um diálogo para construir essa candidatura.
Simone Tebet defendeu que parlamento precisa se unir em torno de um nome que preserve a independência da Casa. "O que não podemos é incorrer no erro do passado. Agora, é falar com os companheiros e conversar sobre quem tem mais simpatia entre os senadores. Ninguém é neófilo na política e todos temos consciência do nosso tamanho", acrescentou. Ela disse que aquele que não conseguir os votos vai apoiar o candidato da legenda que conseguir e que terá os 13 votos da sigla.
"Ficou muito claro que não podemos lançar um candidato sem ouvir as lideranças das demais bancadas. O partido vai lançar um candidato próprio e marchar unido. Então, me sinto no direito de me lançar candidata e esse é um jogo que está começando agora", destacou a senadora.
Ela contou ainda que, antes de partir para a disputa interna no MDB, conversou com os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), e pretende conversar com os líderes do Podemos e do PSD, duas das três maiores bancadas do Senado, para criar um consenso em torno do nome dela para a disputa.
De acordo com ela, uma candidatura própria do MDB para a Presidência da Câmara pelo MDB não estará condicionada a qualquer movimento do partido no Senado, e, portanto, nada impede que a sigla apresente seus candidatos. "São Casas independentes e as eleições são diferentes", afirmou.
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