O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), defendeu união entre partidos de centro-esquerda e centro-direita em uma candidatura forte para concorrer à Presidência da República, em 2022. Ao CB Poder –– uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília ––, ontem, destacou que para a próxima corrida ao Palácio do Planalto será preciso fazer um amplo arco de alianças entre os partidos de centro para evitar uma possível polarização que possa, novamente, repetir o confronto entre Jair Bolsonaro e o PT.
Como o senhor vê a posição do governo sobre as vacinas?
O governo deve adquirir todas as vacinas disponíveis. A questão é que não trabalhou muitas alternativas e precisa abrir o leque. Já estamos atrasados, não podemos perder nenhuma chance de vacinação. Teremos um verão amedrontador e ameaçador para os brasileiros, principalmente para os mais idosos, porque os jovens se expõem e levam o coronavírus para os vulneráveis. Estamos perdendo entre 600 e 700 pessoas por dia e a doença está crescendo em todo o país.
O governo está tentando eleger Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão. O PSB recomendou, semana passada, que não votassem no candidato alinhado com o governo de Jair Bolsonaro. Como fica essa situação?
Partidariamente, o PSB tem uma visão de mundo diferente da do presidente. O PSB fazer essa recomendação, é algo natural, mas a decisão final cabe a quem vota –– ou seja, o parlamentar. Agora, o líder do partido vai ter que combinar um diálogo com a bancada para tomar uma decisão que leve em consideração essa recomendação. As relações que acontecem na Câmara têm muito a ver com os interesses dos próprios parlamentares.
E no Senado?
Temos uma representação pequena, dois senadores. No Senado, estamos acompanhando mais a distância, porque ainda temos um conjunto de candidaturas sem estabilidade.
Muitos avaliam que uma vitória de Lira fortalece a posição de Bolsonaro para empreender a pautas conservadoras e ideológicas. Como o senhor vê esta candidatura?
Lira, querendo ou não, está vinculado à ação do governo.
As eleições de novembro sinalizaram movimentos futuros. No caso de Recife, por exemplo, podemos dizer o PSB se afastou definitivamente do PT? Indica que os partidos caminharão separados?
O ano de 2022 está longe, mas 2020 foi um sinal. Não é um sinal de que a eleição deste ano refletirá em 2022, mas, sim, um sinal dos movimentos partidários. Ficou claro que o PT tem um projeto partidário e quer ter uma candidatura à Presidência da República em 2022, assim como está claro que o Bolsonaro é candidato à reeleição em 2022. É possível que nossa ação, agora, dos partidos de centro-esquerda e de centro-direita, seja uma candidatura forte à Presidência, pois, se houver uma pulverização de candidaturas, o PT e Bolsonaro vão para o segundo turno e os partidos de centro-esquerda e centro-direita não terão energia para chegar lá. Se queremos ter um projeto de compromisso com a democracia e que saia da polarização da política brasileira, é preciso que agora a gente faça um movimento mais amplo do que o vivenciado nas eleições (presidenciais) passadas. Alguns possíveis candidatos estão se manifestando, como Ciro Gomes, João Doria — que, inclusive, usa a questão da vacina como uma bandeira de campanha —, além do Luciano Huck, por exemplo. Nesse cenário, o que vai fazer o PSB?
Poderá ter também um pré-candidato em 2021...
Acredito que o momento exige um comportamento diferente. Os candidatos devem ver quem agrega e se unir em torno dele, senão serão candidaturas que ficarão pelo caminho, e não estamos em condições de que isso aconteça. Precisamos ter um projeto responsável que fortaleça as instituições democráticas.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi