Com pelo menos 11 candidatos até agora, a disputa pela presidência do Senado segue mergulhada em indefinições, enquanto o atual ocupante do cargo, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tenta viabilizar Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como opção para ter o apoio do Planalto e da maioria dos senadores. Uma das maiores dificuldades, no entanto, deverá ser em relação ao MDB, dono da maior bancada da Casa e que, pela tradição, tem a prerrogativa de ocupar a presidência.
Após a decisão do Supremo Federal (STF) de vetar a reeleição dos atuais presidentes da Câmara e do Senado, Alcolumbre saiu a campo na tentativa de definir o sucessor. Reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na terça-feira, quando os dois decidiram trabalhar juntos para a escolha de um nome. O parlamentar amapaense também tem conversado com senadores individualmente em busca de um consenso.
Ao defender o nome de nome de Rodrigo Pacheco, Alcolumbre tenta garantir o comando de, pelo menos, uma das Casas do Congresso para o seu partido, já que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também foi impedido de concorrer à reeleição.
Pacheco tem a simpatia de Bolsonaro, com o qual se reuniu no Palácio do Planalto, na terça-feira. Na ocasião, ao lado da bancada mineira, o parlamentar pediu a ajuda do governo federal na busca de soluções para o problema do reservatório de Furnas, cujas águas apresentam nível cada vez mais baixo. O presidente, porém, tem preferência por pelo menos outros dois senadores — Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, e Nelsinho Trad (PSD-MS). Como Alcolumbre também é próximo de Gomes e pretende manter a boa relação com Bolsonaro após deixar a presidência, é possível que, em algum momento, venha a reavaliar a escolha por Pacheco.
A tradição que dá à maior bancada o direito de ocupar a presidência reforça ainda mais a candidatura de Gomes. Na eleição de 2019, o MDB não lançou mão dessa prerrogativa, porque chegou rachado em torno de Renan Calheiros (MDB-AL) e Simone Tebet (MDB-MS), e acabou optando pelo parlamentar de Alagoas. Essa divisão favoreceu a candidatura de Alcolumbre, que venceu a eleição.
Agora, para o pleito de fevereiro de 2021, o MDB tem pelo menos quatro parlamentares que despontam como candidatos. Além de Eduardo Gomes, a lista inclui Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido no Senado; Fernando Bezerra Filho (PE), líder do governo na Casa; e Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Muda Senado
Outros seis candidatos à sucessão de Alcolumbre fazem parte do Muda Senado, um grupo heterogêneo que reúne parlamentares de diferentes partidos. Em reunião na quinta-feira para discutir estratégias, os senadores redigiram um documento que deve servir como um manual a ser seguido pelo candidato, em caso de vitória na eleição.
O nome escolhido pelo grupo deve ser apresentado na próxima semana. Até o momento, os concorrentes são Major Olimpio (PSL-SP); Jorge Kajuru (Cidadania-GO); Mara Gabrili (PSDB-SP); Alvaro Dias (Podemos-PR); Lasier Martins (Podemos-RS); e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Antes mesmo da decisão do STF contra a reeleição dos atuais presidentes da Câmara e do Senado, Olimpio e Kajuru já haviam anunciado suas candidaturas.
No PSD, segunda maior bancada do Senado, um nome que também vem sendo citado, porém com menos força, é o de Antonio Anastasia (MG), vice-presidente da Casa. Ele é bem visto pelos colegas por ter trânsito com diversos partidos, mesmo os da oposição, e, ao mesmo tempo, ter uma postura independente em relação ao Palácio do Planalto. Apesar das articulações internas, não há, até agora, nenhum nome oficializado para concorrer à sucessão no Senado.