Bolsonaro nega jogada para influenciar eleição

O presidente Jair Bolsonaro negou, em transmissão ao vivo nas redes sociais, ontem, que a demissão de Marcelo Álvaro Antônio (PSL) do Ministério do Turismo seja parte de uma negociação para influenciar a sucessão do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A troca ocorreu após o próprio Álvaro Antônio expor, em um grupo de mensagens, que o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, havia oferecido a pasta ao Centrão, buscando apoio ao candidato do Planalto, Arthur Lira, líder do Progressistas na Casa.

O agora ex-ministro do Turismo chegou a acusar Ramos de ser “traíra”. O caso irritou Bolsonaro e, mesmo após o pedido de desculpas de Álvaro Antônio, a demissão foi efetivada. Amigo do chefe do Planalto e até então presidente da Embratur, Gilson Machado assumiu o ministério, oficialmente, ontem.

A expectativa é de que Machado ocupe o cargo apenas por um período provisório até novas mudanças previstas para a reforma ministerial, esperada para o ano que vem (leia reportagem na página 4). Na live de ontem, Bolsonaro afirmou que ele assume como ministro efetivo, e não interino.

“Quando o pessoal fala em Centrão... Eu já integrei PP, PTB, PFL, atualmente DEM, e PSC”, enumerou o mandatário. “O pessoal fala: ‘Ah, um absurdo, foi de tal partido’, isso é interesse meu. Se eu via que era mais fácil me reeleger em outro partido do que nesse, por que vou morrer nesse partido com tantos votos e podia ter sido eleito no outro?”, questionou.

Na transmissão, ele apontou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é independente e, em seguida, acrescentou que o Senado, a Câmara e o Supremo Tribunal Federal (STF) também são instituições “sem influência” dele. “Nunca estivemos tão bem com a Câmara e com o Senado. Somos independentes e estamos cada vez mais harmônicos”, sustentou.

Lealdade
Depois de ser exonerado do cargo, Álvaro Antônio fez agradecimentos públicos a Bolsonaro. Nas redes sociais, o agora ex-ministro chamou o presidente de “amigo e irmão” e reafirmou “lealdade” ao mandatário. “Encerro, hoje (ontem), a minha passagem pelo Ministério do Turismo e a única coisa que posso dizer é muito obrigado. Agradecer, primeiramente, a Deus; ao meu amigo e irmão, presidente Jair Bolsonaro, pela oportunidade de integrar o melhor governo da história do Brasil, servidores, ministros…”, escreveu no Twitter.

Na plataforma, Álvaro Antônio publicou uma foto na qual aparece ao lado de Bolsonaro. “Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando com ética, respeito e lealdade ao presidente Jair Bolsonaro e ao meu amado Brasil!”, ressaltou.

Exposição
Em um grupo de WhatsApp formado por ministros, Marcelo Álvaro Antônio escreveu: “Não me admira o sr. ministro Ramos ir ao PR (presidente) pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados”. Ao demitir o então ministro, Bolsonaro o repreendeu por ter exposto divergências num grupo de mensagens e disse que as diferenças deveriam ser resolvidas pessoalmente, não em público.

Novo comando na Embratur
Além de oficializar a nomeação de Gilson Machado para o comando do Ministério do Turismo, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Carlos Alberto Gomes de Brito para o cargo de diretor-presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), posto que era ocupado por Machado. Brito atuava como diretor de Gestão Corporativa do órgão.