O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta aos catadores de São Paulo, ao não poder comparecer pessoalmente ao evento por conta da pandemia de covid-19. A mensagem foi destinada no último dia 18, quando ocorreu o tradicional Natal dos trabalhadores.
No documento, Lula manteve um tom de esperança e positivismo, afirmando a eles que 'dias melhores virão'.
"Não imaginei que depois de sair da prisão pudesse haver algo que me impedisse de passar o Natal com vocês, como fiz quando fui presidente, como fiz depois de deixar a presidência, e como fiz ano passado, depois de sair da prisão. Meu compromisso com vocês é mais que politico. É de sangue, é de pele. Mas esse ano, um inimigo terrível e invisível, o coronavírus, nos impede de estarmos juntos nesse Natal, para podermos nos abraçar no Natal que vem", justificou.
Ele caracterizou o vírus como uma praga que afeta o mundo e pediu que eles cuidassem uns dos outros, além de apoiar a ciência e os médicos.
"O coronavírus é uma praga da natureza que afetou todo o planeta. Mas como cada sociedade reagiu a ele foi diferente dependendo da medida da solidariedade entre as pessoas e a liderança dos governos de cada país. O vírus é o mesmo. Nós que podemos agir de maneira diferente diante dele. Nos ajudar, cuidarmos um dos outros, termos paciência e apoiarmos nossos médicos e cientistas", destacou.
Lula também ressaltou que a luta contra o vírus não deve ser ideológica ou política, mas uma questão de humanidade. Ao longo da carta, o petista conta que o ano de 2020 não foi fácil para o país e criticou o fim do auxílio emergencial.
"No Brasil, 2020 foi um ano tão difícil para todos, com um governo insensível e sem solidariedade, que só prestou auxílio financeiro nessa crise tão profunda após muita pressão, um auxílio temporário que está acabando, deixando o povo abandonado, muito antes do fim da pandemia e da chegada da vacina ao Brasil", continuou.
Lula pediu que a categoria tivesse cuidado com o descarte irregular de máscaras e materiais que possivelmente poderiam contaminá-los durante o trabalho de coleta.
"Eu sei da dificuldade que vocês tiveram esse ano, com paralisações da reciclagem, amigos e parentes ficando doentes, tendo que lidar com máscaras jogadas no lixo de forma incorreta, e muito cuidado para não pegar essa doença terrível. Nem todos podem ficar em casa, porque tem que sair na rua para buscar seu sustento, para ter o que comer e porque no Brasil, ainda hoje, infelizmente nem todos têm casa".
O ex-presidente ainda enumerou mazelas como o aumento do desemprego e de moradores de ruas.
"Vocês sabem melhor do que ninguém como está aumentando as populações e famílias morando nas ruas, vítimas do desemprego, das drogas, da ganância dos que querem cortar direitos dos trabalhadores e concentrar renda na mão de poucos. Infelizmente, ainda teremos, dias muito duros pela frente, neste Natal de reflexão e fé".
Lula concluiu chamando-os de "guerreiros" e ainda alfinetou indiretamente o presidente Jair Bolsonaro: "No Natal do ano que vem, se Deus quiser, já teremos superado esse vírus. O outro vírus, o da estupidez que governa nosso país, talvez ainda teremos que aguentar por mais um Natal", concluiu.
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