Depois de diversas reuniões e negociações, os partidos da oposição definiram, ontem, apoiar o candidato que for apresentado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a disputa da Presidência da Câmara. Além do PT, que detém a maior bancada da Casa, integram o grupo PSB, PCdoB, Rede e PDT. O amplo bloco terá, ainda, siglas de centro: DEM, MDB, PSL, PSDB, Cidadania e PV. Somando todas as bancadas, são 281 deputados.
Apesar da adesão das siglas, Maia não anunciou o nome de quem será o candidato do grupo — embora tenha prometido que definiria até ontem. Os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP) estão no páreo por essa chancela.
“Temos muitas diferenças, mas há uma pauta que nos une: a defesa da democracia, das instituições e da liberdade desta Casa. Achamos muito relevante participar deste movimento”, afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Pelo acordo que está sendo costurado, os petistas ficariam com a primeira secretaria da Mesa Diretora da Câmara.
Maia fez discurso semelhante: “Este grupo que, hoje (ontem), se apresenta tem muitas diferenças, sim. Porque, diferentemente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático”, destacou.
Ao lado de lideranças dos 11 partidos do bloco, Maia leu uma carta em defesa da democracia. Segundo ele, a Câmara ganhou projeção nos últimos anos por ter se tornado a “fortaleza da democracia no Brasil, o território da liberdade, exemplo de respeito e empatia com milhões de cidadãos brasileiros”.
Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que não esconde a preferência por Arthur Lira (PP-AL) — o único candidato oficial à Presidência da Câmara —, Maia acusou o governo de autoritarismo e citou Ulysses Guimarães, que presidiu a Casa em duas ocasiões: antes da ditadura militar, entre 1956 e 1958, e na redemocratização, entre 1985 e 1989.
“Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós, aqui, lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz”, enfatizou. “Certamente, Ulysses Guimarães estaria deste lado aqui e, talvez, repetiria em alto e bom som: eu tenho ódio e nojo das ditaduras.”
A carta do bloco de Rodrigo Maia ressalta a diferença entre os partidos do grupo e sustenta que ele é mais forte em razão dessas divergências. “Esta não é uma eleição entre candidato A ou candidato B. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser capacho do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news”, diz.
Líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP) afirmou que o nome a ser definido pelo bloco terá o compromisso de não fazer da Câmara um “anexo” do Palácio do Planalto. “A decisão da oposição caminha para ter um lado, e é o lado da democracia. Não definimos quem será o candidato a presidente, mas vamos trabalhar por um nome que não anexe o Palácio do Planalto à Câmara dos Deputados. Vamos fazer oposição com partidos de outro campo, apesar de tantas diferenças”, frisou o parlamentar.
Líder do Centrão, Arthur Lira acabou sendo rejeitado pelas bancadas de esquerda justamente por ter apoio do Planalto. Ele, no entanto, já conseguiu a adesão de nove siglas que, ao todo, somam mais de 200 parlamentares. O mais recente partido a juntar-se ao grupo foi o Republicanos, liderado por Marcos Pereira (SP), ex-aliado de Maia.
A votação para Presidência da Câmara ocorre em 1º de fevereiro e será secreta. Portanto, a adesão de um partido a determinado bloco não impede que determinado deputado vote no candidato diferente ao indicado por sua sigla. (Com Agência Estado)
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