CORRUPÇÃO

Advogados da Lava-Jato são denunciados por enganar doleiros

Ministério Público Federal afirma que juristas ofereciam proteção contra investigações policiais, mas, na verdade, depositavam o dinheiro em suas próprias contas

Renato Souza
postado em 18/12/2020 18:19 / atualizado em 18/12/2020 18:19
 (crédito: Tânia Rêgo)
(crédito: Tânia Rêgo)

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro apresentou denúncia contra os advogados Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto e Luis Gustavo Flores e o empresário Enrico Vieira Machado. De acordo com a peça, eles são acusados pelos crimes de "exploração de prestigio qualificada, trafico de influência qualificado e associação criminosa" por oferecer proteção ao doleiro Dário Messer, mas, na verdade, embolsar o dinheiro de propina.

De acordo com o Ministério Público, durante quase sete anos, os advogados e o empresário venderam para a organização criminosa liderada pelo doleiro Dário Messer um falso esquema de proteção. Eles teriam recebido, a título de “taxa de proteção”, entre setembro de 2006 e marco de 2013, US$ 50 mil mensais da organização criminosa de Dario.

Os valores seriam recebidos pelos acusados prometendo proteger o doleiro e os demais integrantes da organização de investigações do MPF e da Polícia Federal. A verba seria para pagar agentes públicos. No entanto, as diligências apontam que a falsa proteção ilegal não era colocada em prática, pois a propina ficava com os advogados e o empresário. "O dinheiro, no entanto, permanecia com os denunciados, sendo remetido ilegalmente a uma conta na Suíca, em nome da Big Pluto Universal — empresa offshore de fachada controlada por Antonio Figueiredo Basto e Luis Gustavo Flores. No total, foram recebidos US$ 3,9 milhões (US$ 50 mil mensais por 78 meses)", afirmou o MPF.

Ou seja, os próprios doleiros investigados teriam sido enganados pelos denunciados. Os recursos recebidos acumularam nas contas dos defensores e, temendo mudanças nas regras internacionais de transferências bancárias, eles teriam remetido de volta ao Brasil cerca de R$ 17 milhões.

"O próprio Cursini, doleiro e cliente do escritório de advocacia dos denunciados, também foi vitima de outro crime de tráfico de influência qualificado. Em 2010, Figueiredo Basto e Luis Gustavo receberam pagamento de US$ 400 mil a pretexto de impedir que Cursini fosse convocado a depor em uma CPI. Também foi alegado que o dinheiro se destinaria a dois agentes públicos, porém, novamente o dinheiro permaneceu na conta suíça da empresa offshore dos denunciados", completou o MPF.

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